domingo, 1 de novembro de 2015

ATITUDE CRISTÃ

A imensa maioria das pessoas sabe que Jesus sintetizou na prática do amor todos os deveres dos homens. Ele afirmou que no amor a Deus e ao próximo estão contidas todas as Leis Divinas. Assim, quem se afirma cristão, para ser coerente com sua fé, necessita amar a Deus e ao próximo. Relativamente ao amor ao próximo, há um complicador, pois ele simboliza o conjunto das criaturas humanas. Não se trata apenas da namorada, do irmão ou do amigo querido, mas de todo ser humano, incluindo os inimigos. Mesmo os corruptos e os criminosos estão incluídos no conceito de próximo, de semelhante. Surge então a dúvida: não é possível distinguir entre pessoas queridas e completamente desconhecidas? Para cumprir a Lei de amor é necessário sentir carinho por quem rouba meu carro ou me machuca? No âmbito da legislação humana, sabe-se que uma lei não pode impor deveres muito artificiais. Se uma determinação for muito difícil de ser cumprida, nunca será eficaz. Por exemplo, um limite de velocidade de 5 km por hora jamais será respeitado. Esse limite é muito artificial e impossível de ser cumprido. Não importa a sanção que se aplique, as pessoas o burlarão tanto quanto possível. Certamente Deus não é menos sábio do que o legislador humano. A amizade é uma questão de afinidade de almas, somente possível entre iguais. O afeto costuma originar-se de similitude de valores e de gostos. Não é possível gostar do mesmo modo de um amigo e de um cruel criminoso. Então, amar, no contexto das Leis Divinas, não implica necessariamente sentir afeto e externar ternura. Em relação a desconhecidos ou desafetos, o amor é principalmente uma questão de atitude, de respeito. O cumprimento da lei de amor pressupõe que o homem se coloque mentalmente no lugar do próximo. E imagine como gostaria de ser tratado, se estivesse no lugar dele. Identificado esse desejo, ele deve agir desse modo. Amar o próximo é tratá-lo como eu gostaria de ser tratado se fosse ele. Como sempre quero o melhor para mim, tenho o dever de dar ao próximo o melhor tratamento possível. Talvez eu ainda não consiga gostar dele. Mas sempre devo tratá-lo com correção e generosidade. Trata-se do amor como uma atitude. Não é necessário ser santo para amar os inimigos e os malfeitores. Basta ter o firme propósito de viver como cristão. O amor é uma proposta de vida, um compromisso com a própria consciência. No fundo é algo simples e com profundo potencial transformador da sociedade. Se cada homem adotar o hábito de imaginar-se no lugar do outro antes de agir ou falar, certamente o padrão de relacionamento humano melhorará muito. Não importa se o próximo é mesquinho, viciado ou corrupto. Não se trata de gostar ou não, mas de agir corretamente. Isso não implica um viver irreal, no qual não se tome cuidado com os indivíduos perigosos. É preciso ser manso como as pombas e prudente como as serpentes, conforme o dizer de Jesus. É necessário perceber o mal onde ele existe, para viabilizar a defesa. Mas não valorizar o mal na pessoa do próximo e nem desprezá-lo por suas falhas. Ajudá-lo a recuperar-se, sempre tendo em mente o próprio desejo de auxílio, caso o corrupto ou o viciado fosse eu. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita Em 04.04.2008.

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