domingo, 22 de novembro de 2015

AUTORIDADE

ALLAN KARDEC
O desejo de ocupar posições de destaque e relevância é bastante comum. A vida dos poderosos do mundo costuma ser idealizada pelas multidões. Eles aparecem ricamente trajados, em festas ou em situações de regalo e desfrute. Quem leva uma vida modesta e obscura, não raro, almeja trocar de lugar com essas importantes figuras. Muitos se inquietam e desgastam com sonhos de grandeza. Quando comparam as suas vidas com as de alguns outros, ficam amargurados e tristes. Chegam a se achar injustiçados pela Divindade, haja vista a escassez de suas posses. Mas opulência e modicidade de recursos refletem apenas diferentes formas de aprendizado. A vida modesta tem grande valor, se levada a efeito com dignidade e sem murmurações. Ela viabiliza a correção de graves vícios espirituais, como vaidade e apego a bens materiais. Não se trata de fazer apologia da miséria como estado ideal. A miséria é uma chaga social que deve ser extirpada, mediante educação e oferta de oportunidades aos que a sofrem. Mas entre a miséria e a opulência há uma miríade de situações intermediárias. Nem todos podem ser ricos e poderosos ao mesmo tempo. Por isso, as posições sociais e econômicas se alternam ao longo das encarnações. Com respeito aos talentos e às inclinações de cada um, todos são chamados a viver as mais variadas situações. O relevante é ser digno, operoso e solidário, qualquer que seja a própria realidade. A vida dos poderosos, muitas vezes, nada tem de invejável. Sob a aparência de brilho e abastança, jazem pesadas responsabilidades. Elas são tão mais pesadas porque guardam o condão de influenciar a vida de incontáveis pessoas. O detentor de autoridade, da espécie que seja, sempre terá de dar contas do uso que dela fez. Ela nunca é conferida por Deus para satisfazer ao fútil prazer de mandar. Não é direito e nem propriedade, mas uma importante e perigosa missão. O poderoso tem almas a seu cargo e responderá pela boa ou má diretriz que der aos seus subordinados. Após o término da tarefa, ele será confrontado com a própria consciência. Analisará os recursos de que dispunha e o uso que deles fez. Então, verificará se evitou todos os males que podia. Pensará se fez todo o bem que lhe era possível. Vislumbrará o resultado de sua influência junto a inúmeros que dele dependiam ou nele se espelharam. Bem se vê que a autoridade não deve ser levianamente buscada. Se a vida o projetou a posições de relevo, seja digno e faça o seu melhor, para não se arrepender amargamente. Mas se a sua vida é modesta, não se amargure. Tudo vem a seu tempo e é melhor ser digno no pouco do que indigno e desgraçado no muito. Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no item 9 do cap. XVII de O evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 14.10.2008.

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