John Powell |
Conta um escritor que, certo dia, acompanhou um amigo até à banca de jornais onde ele costumava comprar o seu exemplar diariamente.
Ao se aproximarem do balcão, seu amigo cumprimentou amavelmente o jornaleiro e, como retorno, recebeu um tratamento rude e grosseiro.
Seu amigo pegou o jornal, que foi jogado em sua direção, sorriu, agradeceu e desejou um bom final de semana ao jornaleiro.
Quando ambos caminhavam pela rua, o escritor perguntou ao seu amigo:
-Ele sempre o trata assim, com tanta grosseria?
-Sim, respondeu o rapaz, infelizmente é sempre assim.
-E você é sempre tão polido e amigável com ele?
Perguntou novamente o escritor.
-Sim, eu sou.
Respondeu prontamente seu amigo.
-E por que você é educado, se ele é tão grosseiro e inamistoso com você?
-Ora, respondeu o jovem, por que não quero que ele decida como eu devo ser.
E você, como costuma se comportar diante de pessoas rudes e deseducadas?
Importante questão esta, que nos oferece oportunidade de refletir sobre a nossa maneira de ser, nas mais variadas situações do dia a dia.
É comum as pessoas justificarem suas ações grosseiras com o comportamento dos outros, mas essa é uma atitude bastante imatura e incoerente.
Primeiro, porque se reprovamos nos outros a falta de educação, temos a obrigação de agir de forma diferente ou, então, somos iguais e nada temos a reclamar.
E se já temos a autonomia para nos comportar educadamente, sem nos fazer espelho de pessoas mal-humoradas deveremos ter, igualmente, a grandeza d'alma para desculpar e exemplificar a forma correta de tratar os outros.
Se o nosso comportamento, a nossa educação, dependem da forma com que somos tratados, então não temos autonomia, independência, liberdade intelectual nem moral para nos conduzir por nós mesmos.
Quando agimos com cortesia e amabilidade diante de pessoas agressivas ou deseducadas, como fez o rapaz com o jornaleiro, estaremos fazendo a nossa parte para a construção de uma sociedade mais harmoniosa e mais feliz.
O que geralmente acontece é que costumamos refletir os atos das pessoas com as quais vivemos, sem nos dar conta de que acabamos fazendo exatamente o que criticamos nos outros.
Se as pessoas nos tratam com aspereza, com grosseria ou falta de educação, estão nos mostrando o que têm para oferecer. Mas nós não precisamos agir da mesma forma, se temos uma outra face da realidade para mostrar.
Assim, lembremos sempre que, quando uma pessoa nos ofende ou maltrata, o problema é dela, mas quando nós ofendemos ou maltratamos, o problema é nosso.
Por isso, é sempre recomendável uma ação coerente avalizada pelo bom senso, ao invés de uma reação impensada que poderá trazer consigo grande soma de dissabores.
* * *
Se lhe oferecem grosseria, faça diferente: seja cortês.
Se o tratam com aspereza, responda com amabilidade.
Se lhe dão indiferença, doe atenção.
Se lhe ofertam mau humor, retribua com gentileza.
Se o tratam com rancor, responda com ternura.
Se o presenteiam com o ódio, anule-o com o amor.
Agindo assim, você será realmente grande, pois quanto mais alguém se aproxima da perfeição, menos a exige dos outros.
Redação do Momento Espírita, com base em história de John Powell.
Disponível no livro Momento Espírita v. 5, ed. Fep.
Em 06.03.2012.
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