terça-feira, 24 de novembro de 2015

O AVISO

Existem pessoas que, por sua forma natural de agir, conquistam os demais. Algumas são tão estimadas pelas crianças que passam a ser chamadas de tias, vovôs, sem terem qualquer laço de parentesco. Assim era com o senhor Raul. Ele fora, durante anos, o professor de História na maior escola daquela cidade. Aposentado, afeiçoado às crianças e à cultura, ofereceu-se como voluntário na biblioteca pública. Idealista e idealizador, criou um pequeno espaço, no andar térreo, próximo ao setor de livros infantis, a que denominou o cantinho das histórias. Todas as tardes, durante um período previamente marcado, ali ficava ele, a encantar os pequenos com suas histórias. Com o passar dos meses, o número de visitas à biblioteca foi se tornando maior. Em especial as crianças e, de preferência, na hora das histórias de vovô Raul. Na proximidade do Natal, o bom professor começou a cogitar o que de melhor poderia fazer para comemorar, com a comunidade, o nascimento de Jesus. Recordou, então, do que fizera Francisco de Assis, no século treze. Por isso, buscou amigos e conhecidos, solicitou ajuda, em recursos e mão de obra, e deu início ao cenário do nascimento do Cristo. Todos se entusiasmaram com o projeto. Não faltaram voluntários. Ergueu-se o que deveria parecer um estábulo, colocou-se a manjedoura, a palha, criou-se um ambiente rústico no pequeno canto destinado às histórias do vovô Raul. Às vésperas do dia de Natal, Raul recolheu-se tarde, após verificar que tudo estava em ordem. Já estavam escolhidos os personagens que, no dia seguinte, dramatizariam o nascimento do menino Jesus. Nenhum detalhe fora esquecido e sabia-se que grande parte da comunidade acorreria ao evento. Naturalmente, em horários diversos, pois o ambiente não comportava todos de uma única vez. Mal se deitara, Raul teve a impressão de escutar uma voz que lhe dizia para trocar o local da dramatização para o lado oposto, nos fundos da sala. Por mais que tentasse conciliar o sono, aquilo não lhe saía da mente. Tanto o atormentou que ele mal dormiu. Levantou-se pela madrugada e foi chamar os seus voluntários para proceder à mudança. Não conseguia saber porque, mas devia fazer aquilo. Era algo dentro dele que falava alto. Um tanto cansados, mas respeitosos, concordaram os auxiliares em realizar a mudança do cenário para os fundos da sala, no lado oposto. Quando a comemoração atingia o auge e a sala se encontrava repleta, um estrondo ensurdecedor se fez ouvir. Todos se voltaram para o cantinho das histórias, de onde vinha o ruído, e viram aterrorizados um ônibus desgovernado adentrar à biblioteca derrubando prateleiras e livros, parando a poucos passos de onde eles se encontravam. Foi então que vovô Raul entendeu que foi a Providência Divina, sempre solícita para com os Seus filhos, que lhe inspirou, com insistência, a idéia de realizar a mudança e, na sua intimidade, orou ao divino Pai, agradecendo. 
* * * 
Muitas vezes, os Espíritos benfeitores nos alertam, através da inspiração, das dificuldades e tropeços que podem ser evitados. Todas as criaturas são desta forma auxiliadas, mas que nem todas se apercebem. Existem mesmo as que levam tudo à conta de superstição e crendice, esquecidas de que Deus vela por todos, continuamente, providenciando o socorro devido nas mais diversas ocasiões. 
Redação do Momento Espírita. Em 29.01.2009.

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