quarta-feira, 25 de novembro de 2015

UM AVISO NA NOITE

Léon Denis
Era o ano de 1908. Um navio de guerra inglês fazia um cruzeiro nos Mares do Sul. O comandante, encerrado em seu camarote, fazia cálculos algébricos, a giz, no quadro-negro. Depois, sentou-se à mesa para passar ao papel todos os seus cálculos. Quando se voltou, para ler a última anotação que fizera, viu aparecer uma mão que tomou da esponja e apagou o que estava no quadro. Assombrado, viu aparecer o antebraço e depois, a pouco e pouco, como algo nebuloso se tornou visível: era um homem, uniformizado. De imediato, ele reconheceu um dos seus antigos companheiros de escola, oficial da Marinha, como ele, e que não via desde alguns anos. Notou que o oficial estava envelhecido. A figura tomou um pedaço de giz, escreveu uma latitude, uma longitude, e depois desapareceu. Tão logo se dissipou o assombro que o tomara, o comandante chamou seus oficiais e lhes referiu o que acabava de presenciar. Mostrou as indicações escritas no quadro-negro e que não eram os seus algarismos. De comum acordo, anotaram data e hora. E todos, obedecendo a um mesmo sentimento, decidiram rumar, a todo vapor, para o ponto do oceano indicado no quadro. Cinco dias depois chegaram ao local determinado, em pleno mar, a milhares de milhas de toda costa. E fora das rotas de navegação. No dia seguinte, o sexto dia, avistaram ao longe alguma coisa que flutuava, como um ponto negro no horizonte claro. Verificaram se tratar de uma jangada, feita de tábuas apenas reunidas. Sem víveres, sem água, agonizavam ali três pessoas. Resgatadas, após 48 horas, puderam falar. Eram os únicos sobreviventes do naufrágio de um grande navio que se tinha incendiado e soçobrado em pouco tempo. O oficial que aparecera no navio de guerra era o seu comandante. O naufrágio ocorrera no ponto assinalado pelo fantasma e exatamente na hora que ele havia aparecido ao amigo. Tudo estava anotado no diário de bordo do comandante do navio de guerra. E se concluiu que, no exato momento em que estava a morrer nas chamas, o oficial, preocupado, com certeza, com a tripulação e demais passageiros, buscara socorro. Encontrou no amigo a possibilidade de se manifestar e deixar o seu recado. * * * O fato não é único, nem tão insólito como pode parecer. Histórias de Espíritos que se manifestam na hora da morte a amigos e parentes, existem às centenas. São chamados de fantasmas por muitos. O que ocorre é que a alma se exterioriza, se apresenta em sua forma fluídica, aparecendo à distância. O grande motor em tudo isso é a vontade. Ao contrário do que pretendem alguns, a alma é um ser real, independente dos órgãos físicos. Por isso, pode exercer sua ação fora dos limites do corpo. Pode transmitir a outros seres seus pensamentos, suas sensações. E mesmo, pode se desdobrar e aparecer em uma forma fluídica, se assim o deseja. Pensemos nisso e concluamos outra vez pela grandeza dessa trindade que é o homem. Criado por Deus, recebe um corpo de carne com o qual se movimenta no mundo. Dispõe de um corpo fluídico, forma original do corpo físico e de uma alma, o ser pensante e atuante.
Redação do Momento Espírita com base no cap. 12, pt. 2, do livro No invisível, de Léon Denis, ed. Feb. Em 16.10.2008.

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