Richard Simonetti |
Ele era médico no Interior e atendia, com zelo, sua clientela. Durante muitos anos, tratou de uma senhora viúva, cuja filha insistia para que fosse morar com ela, na capital.
No entanto, Dona Margarida continuava a morar sozinha, em sua casa. Várias razões relacionava para essa sua preferência.
A mais importante, justamente os cuidados que recebia do dedicado médico, em quem confiava plenamente e por quem nutria grande amizade.
Certa feita, os familiares a levaram para a capital, em visita a parentes e amigos. Então, ela se sentiu mal e, de imediato, a filha telefonou ao Doutor Carlos, o médico da mãe.
Para que fosse devidamente examinada e medicada, ele recomendou um colega, na capital.
Passados alguns dias, quando Doutor Carlos chegou, pela manhã, bem cedo, ele viu à porta do consultório a sua cliente, sozinha.
Cumprimentou-a, sorrindo e disse:
-Bom dia, Dona Margarida, vejo que está muito bem!
E ela respondeu:
-É o que você pensa!
Ele achou graça na sua expressão. Entrou ao consultório, que estava repleto, como sempre. Contudo, dada a idade avançada de Dona Margarida, instruiu a atendente para que a introduzisse, em primeiro lugar, para a consulta.
Mas, a senhora não estava na sala de espera, nem do lado de fora, em lugar nenhum.
Estranhou o fato o médico, mas envolveu-se na atenção aos tantos clientes que o aguardavam.
Logo mais, chegou-lhe uma ligação telefônica. Era a filha de Dona Margarida informando-o que sua idosa cliente desencarnara, há dois dias.
* * *
Os que transpõem a aduana da morte, não apagam da memória as pessoas que lhe constituem afetos. Muito menos, olvidam de ser gratos.
Por isso, fatos como o narrado ocorrem muito mais amiúde do que se possa pensar.
Muitas criaturas, no momento mesmo da morte, lembram-se de alguém a quem devotam especial afeto e, não raro, aparecem à visão psíquica daquele.
Popularmente, se fala:
-Ele veio avisar que morrera.
Em verdade, trata-se de um gesto de carinho, uma doce lembrança de quem parte e se encontra distante.
Por vezes, um pedido de socorro daquele que se percebe em nova realidade da vida, fora do corpo físico.
Quando anotados dia e hora do acontecido, se poderá constatar, posteriormente, que coincidem com a hora da morte desse que assim se mostrou à visão psíquica.
Essa é mais uma prova da Imortalidade. Uma prova de que o corpo sucumbe, mas a alma, liberada, livre, vai aonde se encontre o seu interesse.
Já nos ensinara o Mestre, há muito tempo: Onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração. Ou seja, onde estiver o nosso amor, aí estaremos.
Não nos esqueçamos disso e permaneçamos atentos.
Em tais ocasiões, envolvamos em prece o Espírito do amigo, parente, colega, que assim se manifestou.
Oração é luz, aconchego, proteção. É nossa forma de, igualmente, agradecer o aviso ou de auxiliar a quem, por vezes, é convidado a se transferir para o mundo espiritual, em pleno vigor e atividade física.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Um choque
de realidade, de Richard Simonetti, da Revista Reformador, de junho
2012, ed. Feb.
Em 8.11.2012.
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