Alice Gray |
Dizer ou não dizer ao filho que ele é adotado continua sendo, para muitos pais, um grande desafio. Uns falam muito cedo, outros deixam para falar muito mais tarde e a inabilidade para dizer das circunstâncias que levaram à adoção, por vezes, cria algumas dificuldades de relacionamento.
Adoção, contudo, é um especial ato de amor. Por isso, aquela mãe não se cansava de repetir, quase toda noite, a história.
Quando chegava a hora de dormir, ela se deitava ao lado da menina, acariciava os seus cabelos, a aconchegava e lhe dizia como ela era uma criança especial. E muito amada.
Durante muito tempo, contava, seu pai e eu quisemos ter um bebê. Oramos para que eu ficasse grávida. Os anos se passaram e nada aconteceu.
Começamos a compreender que Deus tinha algo diferente para nós. E decidimos adotar um bebê. Um bebê cuja mãe não tivesse condições de cuidar dele.
Então, um dia o telefone tocou e uma voz do outro lado da linha me disse que o nosso bebê havia acabado de nascer. Era uma menina.
Telefonei ao seu pai no escritório. Ele veio correndo para casa e fomos até o hospital.
Por detrás do vidro do berçário, ficamos olhando a fileira de bercinhos com os bebês recém-nascidos, tentando adivinhar qual era você.
Não víamos a hora de a levar para casa e apresentá-la à nossa família e aos amigos. Quando chegamos frente ao portão, havia uma multidão de amigos com presentes nas mãos, ansiosos por conhecer nosso bebê.
E, filha, você tem sido uma bênção para nós. A melhor coisa que seu pai e eu fizemos na vida foi adotar você.
A mãe se empolgava em contar. A filha adorava ouvir. E toda vez sentia que ser adotada era uma coisa muito especial. Ela havia sido escolhida.
Quando a menina cresceu, casou-se e engravidou, a mãe a foi visitar. Ela estava no sétimo mês de gravidez e se sentia muito desconfortável.
O bebê não parava de chutar. Enquanto a jovem gemia e levava a mão ao ventre, sua mãe lhe disse:
Deve ser uma coisa maravilhosa sentir o chute de um bebê na barriga.
De repente, a filha se deu conta que sua mãe nunca sentira um bebê no útero. Por isso, tomou as mãos da mãe, colocou-as na sua barriga e falou:
Mãe, sinta sua neta.
Uma extraordinária expressão de alegria se estampou no rosto daquela mãe, que nunca pudera ter uma gestação, que nunca pudera sentir o filho no seu ventre.
E a filha compreendeu que, naquele momento, oferecia para sua mãe, aquela mulher que a adotara com tanto amor, um presente que ela nunca pôde sentir pessoalmente.
Ela havia recebido tantos presentes ao longo da sua vida. Sempre fora imensamente amada e acarinhada. E agora podia repartir um momento muito especial com aquela mulher especial, sua mãe.
* * *
A maternidade do coração é muito mais vigorosa do que a do corpo.
Quem adota, o faz por amor. Pais de adoção são almas que sustentam outra alma, vidas completas que amparam outra vida em desenvolvimento.
Seu querer é suave como a claridade da lua e forte como somente o amor abnegado pode se tornar.
São anjos anônimos e abençoados na multidão, demonstrando que o amor é Deus e dEle tudo procede e que pessoa alguma é propriedade de outra, porque todos somos filhos do Seu amor, nutridos pelo amor.
Redação do Momento Espírita, com base no
cap. Eu fui escolhida, do livro Histórias para o coração da mulher, de
Alice Gray, ed. United Press; no cap. Filho adotivo e no cap.
Mãe adotiva, do livro S.O.S. família, por diversos Espíritos, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 8.5.2013.
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