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Rachel Naomi Remen |
Quando andamos descuidados pela Terra, o bom Deus nos envia algumas mensagens, a fim de nos lembrar dos grandes objetivos da existência terrena.
Uma das formas de que Se utiliza o Criador é a enfermidade. Ela chega em momentos muito especiais, convidando-nos a reflexões.
Por vezes, andamos tão envolvidos com tantas coisas que deixamos de perceber e, consequentemente, de receber as bênçãos que nos rodeiam.
Não paramos e nem abrimos espaço para as acolher. Nossa vida está tão repleta que não sobra lugar para abrigar as bênçãos da família, dos amigos, das criaturas que se importam conosco.
Uma dessas pessoas era Larry. Sua vida era somente trabalho, cinquenta ou sessenta horas por semana. Viagens constantes. E, quando estava em casa, continuava conectado ao trabalho, recebendo noite adentro as mensagens pelo correio eletrônico.
Comia e bebia de forma irregular. Não tinha tempo para conversar com os filhos. Nem um momento tranquilo com a mulher. Sua energia era toda canalizada para o trabalho.
Quando o câncer o visitou, ele sentiu que a vida estava se esvaindo. Submeteu-se ao tratamento quimioterápico. Oito meses depois, o câncer retornou e ele necessitou de um transplante de medula.
A esposa permaneceu sempre a seu lado, dando-lhe forças, sustentando-o e, da mesma forma, amparando os filhos pequenos.
Quando, finalmente, Larry sentiu-se livre da enfermidade, acreditou que o mais importante na vida não era ganhar dinheiro e resolveu se dedicar a causas ambientais.
Acabou adotando o mesmo esquema de vida. Logo, sua mulher e filhos, sentindo-se sozinhos, acabaram criando uma vida da qual ele não fazia parte.
Ele nem conseguia se lembrar de quando havia tomado a última refeição com a família. E jamais dormia sem ligar o despertador. Feriados, fins de semana, dias úteis, tudo era a mesma coisa.
Brincar com os filhos? Levá-los ao cinema? Desfrutar de uma peça teatral com a esposa? O que era isso?
Sair para dançar? Um passeio a dois? Nem pensar! Ele se transformara de um executivo empreendedor em um homem que desejava servir à vida.
Só que se esquecera de um princípio fundamental do verdadeiro ato de servir. Algo que é ensinado inúmeras vezes, a bordo de aviões.
Minutos antes da decolagem, a tripulação alerta: Em caso de despressurização da cabine, máscaras de oxigênio cairão da parte acima de sua cabeça. Coloque primeiro a sua própria máscara e depois ajude a pessoa ao seu lado.
Servir se baseia na premissa de que toda vida é digna de apoio e dedicação. E se servir exige sacrifício, é bem verdade que exige muito mais uma boa administração do tempo para que os amores mais amados, o próximo mais próximo não seja abandonado, esquecido.
* * *
Quando a enfermidade chega e cada dia de vida na Terra passa a ser uma vitória, meditemos na importância de prosseguir no corpo físico, ao lado dos nossos amores.
Um dia, que pode estar perto ou longe, os haveremos de abraçar pela última vez e retornar à pátria espiritual, onde ficaremos a aguardá-los.
Vivamos de tal forma, dedicando-lhes a atenção de que necessitam, a fim de que se a morte nos surpreender, no próximo dia, não tenhamos que levar na bagagem o peso enorme do remorso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1,
do livro As bênçãos do meu avô, de Rachel Naomi Remen,
ed. Sextante.
Em 7.4.2015.
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