sexta-feira, 29 de março de 2024

O LIXO DOS OUTROS

A pequena cidade estava em alvoroço. 
Um grupo de comerciantes promovia uma grande atração, naquele domingo, prometendo atividades e diversão ao povo. 
Logo cedo, uma corrida de bicicletas faria o contorno da cidade, passando pelos principais pontos. 
A chegada final e a premiação seriam na praça central. 
O vencedor ganharia uma bicicleta nova, que estava exposta enfeitada com laços de fitas coloridas. 
Depois, haveria uma gincana para a criançada com uma infinidade de prêmios para os vencedores. 
Lanches, sucos para todos, guloseimas e muita alegria, era o que prometia aquela manhã de domingo. 
Ao som de música alegre, foi dada a partida e começou a corrida de bicicletas. 
Os amigos Ana e Luiz ficaram próximos e seguiam, pedalando com vontade. 
De repente, foram ultrapassados por outro competidor que, agressivo, gargalhando, esbarrou em Luiz, por pouco não o derrubando. 
A resposta do rapaz foi acenar, sorrir e prosseguir pedalando. 
Ana irritou-se e, inconformada, perguntou ao amigo como ele conseguia não reagir àquela maldade.
A resposta foi igualmente calma: 
Não costumo assumir o latão de lixo dos outros. 
A amiga continuou intrigada, não entendendo o que ele queria dizer com aquela expressão. 
Então, continuando suas pedaladas, Luiz explicou que todos temos nossos lixos internos. 
São o azedume, o ciúme, a raiva, a inveja e outros sentimentos do gênero. 
Quando nosso latão de lixo começa a transbordar, muitos de nós costumamos despejá-lo em quem está próximo. 
Basta que entremos nesse clima de desafio e ficamos atolados no tal lixo, que não vemos, mas que nos deixa totalmente contaminados. 
E concluiu, sorrindo: 
-Tenho procurado me controlar para não aceitar o lixo dos outros. Afinal, basta o meu, que estou buscando decompor para adubar minhas flores. 
* * * 
Se todos tivéssemos essa compreensão, nosso mundo seria diferente.
Viveríamos mais tranquilamente. 
Com os olhos físicos apreendemos apenas o que é material. 
Mas, quando nossa compreensão se expande, percebemos que muito do que vivenciamos está na dimensão dos sentimentos, das emoções e pensamentos. 
Dessa forma, quando sintonizamos com essa dimensão íntima das pessoas com as quais convivemos ou nos relacionamos, podemos absorver vibrações benéficas ou malfazejas, a depender de como elas estejam em sua intimidade. 
Quando temos consciência disso, sabemos que podemos escolher entre aceitar ou repelir a sintonia, que poderá nos beneficiar quando boa ou nos atolar em lixo alheio que somente nos prejudica.
Importante nos conhecermos, nos amarmos, e nos valorizarmos, para optarmos, sempre, pelo melhor para nós mesmos. 
E não pensemos em culpar aos outros pelo nosso mal estar porque a questão tem a ver com a nossa sintonia. 
Se não estivermos na mesma faixa de pensamentos, sentimentos e emoções, não entraremos em sintonia. 
Afinal, enquanto existem pessoas acumulando lixo em sua intimidade, muitas outras espalham o perfume e a delicadeza das suas presenças. 
Saibamos realizar opções acertadas, corretas, desejando o melhor para nós mesmos. 
Porque se estivermos bem, de nossa parte igualmente somente espalharemos boas vibrações a todos os que compartilhem do lar, da escola, do trabalho. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 20.4.2019.

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