"Quando vejo que nada é aniquilado nos trabalhos de Deus, e nem uma gota d’água é desperdiçada, não posso acreditar que exista o aniquilamento das almas.
Também não posso acreditar que Deus queira suportar o esbanjamento de milhões de mentes já feitas, que agora existem, e dar-se ao contínuo trabalho de fazer outras, novas.
Assim, vendo que existo no mundo, acredito que, sob uma forma ou outra, sempre existirei.
E, com todos os inconvenientes que a vida humana tende a oferecer, não farei objeções a uma nova edição da minha.
Espero, contudo, que a errata da última seja corrigida."
Possivelmente em um momento de bom humor, mas firme nesse seu ponto de vista, escreveu seu próprio epitáfio:
"O corpo de Benjamin Franklin, impressor, como a capa de um livro velho, seu conteúdo despedaçado e despido de seu título e de seus dourados aqui jaz.
Alimento para os vermes. Mas o trabalho não será perdido.
Pois, como ele acredita, aparecerá mais uma vez, em nova e mais elegante edição, revista e corrigida pelo Autor."
* * *
Franklin acreditava, não somente na Imortalidade da alma, como na pluralidade das existências.
Como ele, podemos dizer que a nossa vida é um livro que estamos escrevendo.
Os nossos atos vão compondo novas páginas, os nossos pensamentos vão nele sendo impressos.
Cada capítulo que concluímos, pela maturidade que vamos alcançando, é mais rico.
Nenhum capítulo é somente dor ou de total êxtase.
Lágrimas e dores se confundem, tornando a obra um best-seller.
Cada vida, um livro inédito.
Sem igual.
É bom lembrar, no entanto que, quando um autor lança um livro pede a alguém competente no assunto que faça a apreciação do seu trabalho, que passa a constar como prefácio da obra.
De outras vezes, é o autor mesmo que escreve o prefácio, no qual oferece ao leitor dados sobre o conteúdo, razão e finalidade dos seus escritos.
Quase sempre deixamos de ler essa parte.
Justamente por essa forma errada de ler, menosprezando as explicações do autor ou do prefaciador, muito do conteúdo da obra poderá ficar sem um bom entendimento.
O livro da nossa vida também possui um prefácio.
É nele que anotamos os projetos e objetivos da presente encarnação.
É no prefácio que assinalamos as diretrizes que deveremos seguir.
Da mesma forma que ler o prefácio para entender melhor a obra que nos propomos conhecer, a cada ano, ao menos, devemos refletir sobre o prefácio do livro da nossa vida.
Isso para refrescarmos a memória sobre o que desejamos da nossa existência.
Viver é oportunidade de crescimento, de progresso.
Ninguém nasce para ser um fracassado mas para um grande objetivo: subir um degrau na evolução.
Relendo o prefácio da nossa vida, poderemos realizar as correções devidas para aproveitarmos esta oportunidade, de forma ampla.
Poderemos lembrar de retornar àquele curso que começamos e desistimos.
Ou talvez de que devamos voltar ao seio da família que um dia largamos, em algum lugar.
Possivelmente, recordaremos da intensa necessidade de Deus, da prece, da religião.
Pensemos nisso!
Será hoje o momento de procedermos à leitura do prefácio do livro da nossa vida?
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Prólogos e prefácios,
de Octávio Caúmo Serrano, da Revista Internacional de Espiritismo, de janeiro/2004
e no cap. Testemunhos sobre a reencarnação, pt. 2, do livro A reencarnação
através dos séculos, de Nair Lacerda, ed. Pensamento.
Em 28.4.2016.
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