sábado, 30 de março de 2024

LOBOS INTERNOS

PAULO DE TARSO
Um dia, um velho avô foi procurado por seu neto, que estava com raiva de um amigo que o havia ofendido. 
O sábio velhinho acalmou o neto e disse com carinho: 
-Deixe-me contar-lhe uma história. Eu mesmo, algumas vezes, senti muito ódio daqueles que me ofenderam tanto, sem arrependimento. Todavia, o ódio corrói a nossa intimidade mas não fere nosso inimigo. É o mesmo que tomar veneno desejando que o inimigo morra. Lutei muitas vezes contra esses sentimentos. 
O neto ouvia com atenção as considerações do avô. 
E ele continuou: 
-É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom. Não magoa ninguém. Vive em harmonia com todos e não se ofende. Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta. Mas, o outro lobo, ah!, esse é cheio de raiva. Mesmo as pequenas coisas desagradáveis o levam facilmente a um ataque de ira! Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. É tão irracional que nunca consegue mudar coisa alguma! Algumas vezes é difícil de conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu Espírito. 
O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou: 
-E qual deles vence, vovô? 
O avô sorriu e respondeu baixinho: 
-Aquele que eu alimento mais frequentemente. 
* * * 
E você, qual dos dois lobos tem alimentado com mais frequência? 
A figura do lobo é significativa, uma vez que representa o grau de animalidade que ainda rege as nossas ações. 
Enquanto o ser humano não desenvolver todas as virtudes que o elevarão à categoria de Espírito superior, sempre haverá em sua intimidade um pouco dos irracionais. 
E essa luta interna é que irá definindo o nosso amanhã, de acordo com o lado que mais alimentamos. 
Por vezes, um simples ato impensado, uma simples ação infeliz, pode nos trazer consequências amargas por longo tempo. 
Paulo, o grande Apóstolo do Cristianismo, identificou muito bem essa luta íntima quando disse: 
-O bem que eu quero, esse eu não faço, mas o mal que não quero, esse eu faço. 
Indignado por algumas vezes ainda ser dominado pelo homem velho, em prejuízo do homem novo que desejava ser, Paulo desabafou e nos deixou esta grande lição: 
-É preciso perseverar. 
É preciso deixar que esse lobo sedento de vingança e obcecado pela ira, que ainda encontra vitalidade em nosso íntimo, não receba alimento e desapareça de vez por todas cedendo lugar ao homem moralmente renovado que desejamos ser. 
Agindo dessa maneira poderemos um dia, não muito distante, dizer, como o próprio Apóstolo Paulo disse, depois de vencer a si mesmo:
-Já não sou eu quem vive, é o Cristo que vive em mim. 
Mas, para que cheguemos a esse ponto, temos que travar muitas batalhas internas a fim de fazer com que os ensinamentos e os exemplos de Jesus, o Mestre por excelência, façam sentido para nós a ponto de se constituir em força motriz a impulsionar os nossos pensamentos e atos.
 * * * 
Paulo de Tarso renunciou a muitas coisas para seguir a Jesus. 
Ele, que foi um dos primeiros perseguidores dos cristãos em nome da sua crença religiosa, depois que viu o Mestre às portas da cidade de Damasco, tornou-se Seu seguidor fiel até os últimos dias de sua vida.
Mas, para isso, foi preciso silenciar muitas vezes a fera interna que tentava falar mais alto. 
Foi preciso renunciar a si mesmo, deixar o orgulho de lado, tomar da sua cruz e seguir os passos luminosos do Mestre de Nazaré. 
Redação do Momento Espírita com base em conto de autoria ignorada. 
Em 18.10.2010.

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