quarta-feira, 13 de março de 2024

CELEBRAÇÃO DA VIDA

Dia de los muertos mexicano
Será que a despedida final precisa ser sempre triste e solitária? 
Quem já se despediu de um amor, de alguém muito querido, certamente irá dizer que é uma situação muito difícil. 
Dependendo do gênero de morte, o instante do adeus se reveste de um ar de tristeza indescritível. 
Alguns nunca superam essa experiência, chegando a carregar aquele sentimento em forma de trauma por toda sua vida. 
Que tal pararmos para pensar: 
Precisa ser assim? 
Isso está tão arraigado em nossas crenças pessoais e também em nossa cultura que nem sequer pensamos que possam haver outros caminhos, outras formas de encarar esse momento. 
No México, por exemplo, o momento da partida é visto como uma libertação de tudo aquilo que não é relevante na vida, uma desconexão das vaidades e das futilidades. 
Os cortejos fúnebres são repletos de homenagens a quem está partindo, celebrações com música e comida. 
Sem dúvida, existe a tristeza e a saudade, mas outros sentimentos despontam. 
Essa forma diferente de encarar a morte é vista também no Dia de los muertos mexicano, talvez a festa mais famosa dessa cultura.
Um dia para lembrar com saudade e alegria todos que partiram. 
Em muitas comunidades na África, o funeral é uma cerimônia tão importante quanto um casamento. 
Entende-se que, quando alguém morre, a coletividade sente o luto. Então, divide a tristeza com a família do morto. 
Pelo continente africano, encontramos velórios que atraem centenas e até milhares de pessoas em cerimônias, que chegam a durar uma semana.
Familiares, vizinhos e até estranhos se juntam à celebração. 
Não há um convite oficial. 
Ao receberem a notícia da morte, os que moram perto aparecem para prestar apoio à família, trazer doações e ajudar os enlutados com a enorme lista de afazeres dos funerais. 
Com esses exemplos, o que será que poderíamos fazer para começar a mudar um pouco as nossas tradições, por vezes, ainda tão sombrias e solitárias? 
Se já entendemos que ninguém morre de verdade, que estamos passando por um momento de transição, o final de um ciclo e início de outro, devemos ser os primeiros a alterar nossa maneira de agir. 
Será que, por vezes, não estamos mais voltados à tristeza dos que ficam do que à nova realidade dos que partem?
Para quem são os velórios e os funerais? 
Homenagens são tão belas. 
Deixar que as pessoas falem, lembrem, abram seus corações. 
Deixar que o Espírito que está ali, em processo de desencarnação, receba todo esse carinho num momento tão importante. 
Poderá ainda estar fragilizado, o que é natural. 
Ou talvez desorientado, precisando de consolo e entendimento. 
Eis a nossa chance de amar até os últimos instantes aquele cujo ciclo se findou. 
Lembremos: finaliza-se um capítulo, uma história, um nome, um rosto. 
A alma segue igual, carregando tudo que viveu conosco. 
Os funerais devem se tornar uma celebração da vida. 
A vida que deixa o corpo que o Espírito habitara temporariamente, e retorna ao verdadeiro lar para seguir adiante... 
 Apenas para seguir adiante.
Redação do Momento Espírita 
Em 13.3.2024.

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