Quem pode transitar pelas vielas do mundo, sem o apoio de um amigo, de um ombro que o ampare?
Quem pode andar pela Terra sem a certeza de que, ante a necessidade, terá quem o socorra?
Quem de nós pode afirmar ser suficientemente forte, que não precise de suporte, em algum trecho da jornada?
Quem de nós já não teve noites de insônia e de desassossego, em que a voz do amigo, do outro lado da linha, assegure, com calma: Estou aqui. De que precisa?
Amigo é aquele que prepara um pão em sua casa e lembra de nós, separando algumas fatias e nô-las oferecendo, enquanto adverte:
-Trouxe enquanto ainda está quente porque é delicioso com manteiga e café.
Amigo é aquele que nos sabe amante das flores e nos brinda com vasos de violetas plantadas por suas hábeis mãos.
Amigo é aquele que nos envia mensagens de estímulo, atento ao que fazemos, nas lides que nos absorvem os dias.
Amigo é quem responde aos nossos equívocos com palavras de incentivo à reformulação do próprio caminho.
É quem nos abraça, sorrindo, ao nos encontrar em qualquer viela do mundo.
É quem compartilha conosco as alegrias de uma viagem, descrevendo com detalhes, de maneira que refaçamos o trajeto todo com ele, mentalmente.
Amigo é aquele que sabe consolar nosso coração sem palavras, num terno abraço de solidariedade.
É o que nos incentiva a retomar a caminhada, a tentar novos rumos, a seguir em frente.
Amigo é o que nos traz o doce que apreciamos para que o possamos saborear, com prazer.
E até acrescenta um guardanapo branco, com o seu monograma, para que o lembremos enquanto nos deliciamos com a iguaria.
Amigo é aquele que, embora longe, vive perto.
É aquele com quem podemos sempre contar.
Talvez ligar pela madrugada, num dia de uma perda afetiva.
Ou quando o rio das lágrimas está transbordando, inundando nossa alma.
Amigo é para dias de festa, de alegria, de confraternização.
Muito mais para dias de dores, de ausências, de fraquezas e quase tombamentos pelas estradas das nossas tribulações.
Ninguém pode viver sem amigos.
Nem o Mestre Divino deles prescindiu.
Teve amigos entre os pescadores, os homens do povo, figuras ilustres do tribunal judaico.
Amigos que O defenderam no julgamento arbitrário no Sinédrio, amigos que se preocuparam com a rápida recuperação de Seu corpo, para o sepultamento devido.
Teve amigos nas terras da Galileia, da Judeia, da Pereia.
Um estrangeiro, das terras africanas de Cirene, foi o amigo que lhe tomou a trave da cruz para carregá-la no último trecho da Via Crucis.
Alguns se tornaram Seus amigos depois de Sua morte, reconhecendo-lhe a grandeza.
Amigos que desceram às arenas dos circos romanos para defender as verdades que Ele viera anunciar, doando a própria vida.
Amigos que renunciaram ao descanso, à vida mais amena a fim de se tornarem arautos da lei de amor que Ele viera exemplificar.
Amigos que deixaram cargos para O servirem e que se deixaram imolar em defesa da Sua verdade.
Amigos...
Ninguém pode viver sem eles.
Redação do Momento Espírita
Em 20.3.2024.
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