domingo, 3 de dezembro de 2023

LIÇÃO DO ORIENTE

Ha Minh Thanh
Os que vivemos no Ocidente, nos surpreendemos com o comportamento do povo japonês, ante os desastres do tsunami, do terremoto e do vazamento dos reatores atômicos. 
Nas imagens televisivas, nenhuma mostrou gente se lamentando, gritando e reclamando que havia perdido tudo. 
A tristeza por si só já bastava.
E nas filas para água e comida, nenhuma palavra dura e nenhum gesto de desagravo. 
Somente disciplina. 
Nenhuma corrida desenfreada aos mercados. 
As pessoas compravam somente o que realmente necessitavam no momento. 
Assim todos poderiam comprar alguma coisa. Não se teve notícias de saques a lojas. 
Nas estradas, nada de buzinaço. 
Apenas compreensão. 
Os restaurantes cortaram pela metade seus preços. 
Caixas eletrônicos foram deixados sem qualquer tipo de vigilância. 
Os fortes cuidavam dos fracos. 
Velhos e jovens, todos sabiam o que fazer e fizeram exatamente o que lhes fora ensinado. 
Quando a energia acabava em uma loja, as pessoas recolocavam as mercadorias nas prateleiras e saíam calmamente. 
Mas, com certeza, um dos relatos mais impressionantes é o de um imigrante vietnamita. 
Como policial, foi enviado para uma escola infantil para ajudar uma organização de caridade a distribuir comida aos refugiados. 
Era uma fila muito longa.
Ele viu, no final da fila, um garotinho de uns nove anos usando apenas camiseta e shorts. 
Estava ficando muito frio e o policial ficou preocupado que, ao chegar a vez do menino, poderia não haver mais comida. 
Foi falar com ele. 
O menino lhe disse que estava na escola quando a tragédia ocorrera. 
Seu pai trabalhava perto e estava se dirigindo para a escola. 
O garoto estava no terraço do terceiro andar quando viu o tsunami levar o carro do seu pai. 
Quanto a sua mãe e sua irmã, por residirem próximos a praia, acreditava que não haviam sobrevivido. 
O garoto tremia. 
O policial tirou sua jaqueta e o envolveu, abrigando-o. 
Também lhe ofereceu a própria bolsa de comida, dizendo: 
-Quando chegar a sua vez, a comida pode ter acabado. Assim, aqui está a minha porção. Eu já comi. Você pode comer. 
Ele pegou a bolsa e fez uma reverência. 
Depois, foi com ela até o início da fila e colocou-a onde toda a comida estava esperando para ser distribuída.
O policial ficou chocado. 
Perguntou por que ele não havia comido, em vez de colocar a comida para distribuição. 
Sereno, ele respondeu: 
-Porque vejo pessoas com mais fome do que eu. 
Se eu colocar a comida lá, eles irão distribuir a comida mais igualmente.
Quando ouviu aquilo, o policial se virou para que as pessoas não o vissem chorar. 
E concluiu que uma sociedade que pode produzir uma pessoa de nove anos, que compreende o conceito de sacrifício para o bem maior, deve ser uma grande sociedade, um grande povo. 
* * * 
Sociedade justa é aquela em que cada um queira para os outros o que para si mesmo deseja. 
Quando os homens assim pensarmos e agirmos, teremos atingido a verdadeira justiça social, pois, a exemplo de Jesus, estaremos praticando o amor ao próximo e a caridade. 
Redação do Momento Espírita, com base em relato assinado por Ha Minh Thanh, que circula pela Internet e nos itens 876 e 879 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. 
Em 29.08.2011.

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