segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

COM OS OUVIDOS DA ALMA

O fato é narrado por uma mulher que vivia nas colinas da Escócia. 
Era inverno, próximo ao Natal. 
Roberto, o marido, era ferreiro. 
Ela, mãe ocupada, cuidava dos quatro filhos. 
O menor era o que lhe dava maior preocupação. 
É que o garoto era surdo. 
Ela ficara muito doente durante a sua gestação e o menino nascera com aquela deficiência. 
De resto, era esperto e depressa aprendeu a ler. 
Para manter a conversação com a mãe e os irmãos, André se servia de gestos e, como aos cinco anos já sabia escrever muitas palavras, usava papel e caneta para expressar aquilo que não conseguiam entender por seus gestos. 
Naqueles dias, próximos ao Natal, o marido foi chamado para prestar serviços em uma fazenda distante e ela ficou só com as quatro crianças. 
A tempestade veio e durou dias. 
A caixa de lenha ao lado do fogão começou a ficar vazia. 
Na quase véspera do Natal, Elizabeth agradeceu a Deus pela colheita do verão ter sido boa, pelas compotas terem dado certo e pela boa caça do seu marido. 
Assim, eles teriam o suficiente para se alimentarem até acabar aquele inverno ingrato. 
Mas a lenha acabou. 
Ela reuniu os quatro filhos, calçaram e se agasalharam bem e saíram quando o tempo deu uma trégua. 
Os pequenos Mary, Alice e André brincavam entre as árvores, felizes por estarem fora de casa. 
Corriam de um lado para outro, enquanto ela e o filho maior, de quinze anos, cortavam troncos em pedaços pequenos e colocavam no trenó. 
Num piscar de olhos, o tempo mudou. 
O vento soprou forte e a neve caiu violenta. 
Ela conseguiu encontrar as duas meninas mas não o pequeno André. 
Por mais que chamasse, ele não a ouviria. 
Era surdo. 
Voltaram para casa a fim de não congelarem. 
As horas angustiosas passaram lentas. 
Quando a tempestade acalmou, ela se preparou para ir procurar o menino.
Estaria vivo? 
Teria caído, cego pela tempestade, em algum penhasco? 
Então, alguém bateu na porta. 
Era o pequeno André, sorridente. 
Entre gestos e escritos no papel explicou que logo que a tempestade começou, ficou agachado atrás de um tronco. 
Depois, escreveu que ouviu chamar o seu nome: André. 
Foi até onde a voz vinha e não tinha ninguém. 
Então ouviu de novo: 
-Venha, André, venha para casa. 
Continuou caminhando, seguindo a voz, embora não visse ninguém. 
E assim foi até chegar em casa. 
Então a mãe caiu de joelhos, abraçou seu tesouro e agradeceu a Deus por ter enviado um mensageiro Seu, aquela voz para guiar o seu filho. 
Uma voz que não vinha do mundo exterior, mas que se fez ouvir na alma do pequenino André. 
A voz dos invisíveis. 
* * * 
O Natal é uma época de esperança, de confiança e de fé. 
É uma época de acreditar no invisível e em maravilhas que o Divino Pai nos proporciona. 
Uma época em que os Mensageiros de Deus cantam, falam e os surdos ouvem as suas vozes. 
Natal é o momento em que a Terra toca os céus, aquieta os seus gritos para ouvir o Excelso Canto da Esperança. 
Jesus nasceu em Belém. 
A esperança se renova. 
Comemoremos. 
Redação do Momento Espírita, com base no conto Tempestade nas montanhas, de autoria ignorada. 
Em 18.12.2023.

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