terça-feira, 19 de dezembro de 2023

LIÇÃO NA GUERRA

ALICE GRAY
Foi durante a Primeira Guerra Mundial. 
De um lado, as trincheiras abrigavam alemães. 
Do outro, norte-americanos. 
A troca de tiros era intensa. 
Separando os inimigos, havia uma faixa de terra muito estreita, que não pertencia a nenhum dos lados. 
Um jovem soldado alemão, que tentara cruzá-la, foi baleado e acabou se enroscando na cerca de arame farpado. Começou a gritar de desespero e de dor. 
Entre o barulho ensurdecedor do combate, os norte-americanos podiam ouvir seus gritos. 
Não suportando mais aquela tragédia, um dos soldados norte-americanos saiu da trincheira e rastejou na direção dele. 
Quando os colegas perceberam o que ele estava fazendo, suspenderam o fogo. 
Mas os alemães continuavam a usar toda a artilharia. 
Até que um oficial alemão viu o gesto altruísta e ordenou que os seus comandados cessassem fogo. 
Um estranho silêncio se estabeleceu. 
O norte-americano desenroscou o ferido do arame farpado. 
Em seguida, o levou aos braços dos companheiros. 
Voltou-se e principiou a retornar para a sua trincheira. 
De repente, uma mão pesada pousou em seu ombro. 
Olhou para trás e seus olhos mergulharam nos olhos do oficial alemão que trazia na farda a Cruz de Ferro, a mais alta condecoração alemã por bravura. 
Ele arrancou a medalha da farda e a colocou no rapaz norte-americano. 
E cada qual, sem dizer palavra, retornou para a sua trincheira.
Certamente, os jovens soldados recomeçaram pouco depois a batalha, que a guerra impunha. 
Mas, naquele dia, todos receberam a lição que guardariam e relatariam aos seus descendentes. 
A lição do altruísmo, que fez com que um soldado esquecesse que o outro era o inimigo e arriscasse a sua para salvar a vida dele. 
* * * 
Dentre todas as calamidades que atingem a Humanidade, de forma periódica, a guerra é uma das piores. 
Vidas são destroçadas, esperanças fenecem. 
Jovens que deveriam estar nos laboratórios de ciências se encontram nos palcos da destruição. 
Namoradas que se preparavam para a concretização do novo lar, passam noites insones perguntando-se se os seus amores ainda estarão vivos, nos campos da guerra. 
Crianças que deveriam estar brincando, morrem à fome ou sucumbem nos bombardeios. 
Mulheres que deveriam estar plantando flores em seus jardins, abrem covas para enterrar os corpos dos seus maridos, e as regam com suas lágrimas. 
Infelizmente, o homem ainda não entendeu que o preço da guerra é a destruição. 
Destruição da natureza, das cidades e das vidas. 
Destruição da própria dignidade humana. 
Gestos como o do soldado norte-americano, na Primeira Guerra Mundial, dizem-nos que os que são enviados para a guerra, são simplesmente criaturas que sentem, amam, têm compaixão e, com certeza, têm as suas noites mal dormidas povoadas de cenas dantescas, onde o pavor se mistura ao horror da destruição que os envolve. 
* * * 
A guerra desaparecerá um dia do cenário do mundo. 
Contribuamos com a paz, com as nossas vibrações especialmente endereçadas aos promotores da guerra, a fim de que repensem seus posicionamentos. 
E envolvamos nas nossas orações os soldados de todas as nações que vivem a crueldade dos combates, longe de casa, e dos seus amores.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Coragem, de autor desconhecido, do livro Histórias para o coração, v. 1, de Alice Gray, ed. United Press. 
Em 7.1.2015.

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