sábado, 2 de dezembro de 2023

AINDA DESUMANOS

Albert Schweitzer, teólogo, médico e organista alemão, foi, certamente, um dos grandes pacificadores dos tempos mais recentes. 
Ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1952, deixou um exemplo a ser seguido por toda a Humanidade. 
Ao receber a condecoração, alertou em seu discurso:
-O fato essencial que devemos reconhecer em nossas consciências, e que já deveríamos ter reconhecido há muito tempo, é que estamos nos tornando desumanos à medida que nos tornamos super-homens. Aprendemos a tolerar os fatos da guerra: que homens são mortos em massa. Algo como vinte milhões na Segunda Guerra Mundial. Que cidades inteiras e seus habitantes são aniquilados pela bomba atômica, que homens são transformados em tochas humanas por bombas incendiárias. Somos informados dessas coisas pelo rádio ou pelos jornais e as julgamos, de acordo com seu significado de sucesso para o grupo pessoal ao qual pertencemos ou para nossos inimigos. Quando admitirmos que esses atos são o resultado da conduta desumana, essa admissão será acompanhada pelo pensamento de que a guerra em si não deixa opção senão aceitá-los. Ao nos resignarmos a esse destino sem esboçar resistência, estaremos sendo culpados de desumanidade. O que realmente importa é que devemos todos nos dar conta de que somos culpados de desumanidade. O horror desse reconhecimento deve nos chacoalhar e despertar da letargia para que possamos direcionar nossas esperanças e intenções para a chegada de uma era em que não haverá lugar para guerra. Essa esperança, essa vontade deverá ter um objetivo único: alcançar, por meio de uma mudança do espírito, a razão superior que nos desestimulará de fazer mau uso do poder de que dispomos. 
* * * 
Irwin Abrams
Ouçamos os sábios. 
Escutemos as vozes dos que enxergam mais do que podemos enxergar.
Percebamos que, mesmo cerca de setenta anos depois, estas palavras ainda são atuais e necessárias. 
Não podemos aceitar a guerra, independente da motivação que a gerou.
Não podemos aceitar qualquer ato de desumanidade. 
Não podemos acreditar que um conflito no outro lado do mundo não tem nada a ver com nossa vida corriqueira. 
São nossos irmãos, todos eles.
Não importa o lado em que estejam. 
Se já não o foi, um daqueles países poderá ser, um dia, nossa pátria, o solo que irá nos receber numa próxima encarnação. 
Pensamos nisso, em algum momento? 
E quem gostaria de nascer numa casa desarrumada? 
Quem gostaria de começar uma nova oportunidade numa nação onde vige o ódio e a guerra? 
A responsabilidade pelo mundo é de todos nós. 
Percebamos se não estamos nos tornando desumanos à medida que nos tornamos super-homens, como tão bem lembrou o pensador. 
Muitas capacidades. 
Muita inteligência. 
Multitarefas e, ao mesmo tempo, indiferentes, envolvidos numa espécie de torpor que nos impede de perceber a dor de quem está ao nosso lado.
Pensemos nisso. 
O que podemos fazer pela paz hoje?
Aqui, ao nosso redor? 
Aqui, dentro do coração? 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A tragédia da guerra, do livro Heróis de Paz, de Irwin Abrams, ed. Gutenberg. 
Em 1º.12.2023.

Nenhum comentário:

Postar um comentário