sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

A LIÇÃO DO TRIGAL

O trigal maduro parecia um mar imenso a ondular ao sabor do vento que brincava com as hastes. 
Logo mais, seria a época da colheita e, desejando mostrar ao filho a beleza natural, o lavrador o chamou para percorrer os campos. 
O rapazinho foi se extasiando com a paisagem, sempre mais bela e mais rica. 
Observador atento, de vez em quando se detinha um tanto mais em alguns locais. 
Após algum tempo de caminhada, perguntou ao pai: 
-Meu pai, por que é que algumas espigas de trigo estão inclinadas para o chão, enquanto outras estão de cabeça erguida?
O lavrador se abaixou e colheu uma espiga. 
Justamente uma das que se encontrava curvada. 
Mostrando-a ao filho, explicou: 
-Repara, meu filho. Esta espiga, que estava inclinada, quase encostando no chão, está perfeita e cheia de grãos. Observa aquela outra, que se levanta com tanto orgulho do trigal. Está seca e imprestável. Na nossa vida, isso também acontece, às vezes. Os que apresentamos orgulho excessivo somos ocos, nulos, enquanto os humildes são valorosos e úteis. O orgulho é um mal que habitualmente gera a ambição, que é o desejo imoderado de cargos, honrarias, poder, destaque. Eis uma grande lição, meu filho. Não se permita, jamais, o orgulho. É um grande mal e precisa ser combatido. Existem algumas regras que podem nos auxiliar a contermos nosso orgulho, reconhecendo o que somos, valorizando-nos, mas jamais nos acreditando melhores ou superiores aos demais. Primeiro item é buscarmos o autoconhecimento. É impossível nos examinarmos sinceramente e não reconhecer as próprias falhas. Segundo, pensarmos na insignificância e na transição de todas as coisas que constituem motivo de orgulho na Terra. As riquezas, por exemplo. Não são eternas e transitam, com rapidez, de determinadas mãos para outras. Famílias abastadas sofrem derrocadas financeiras, enquanto criaturas que pareciam quase nada possuir, se destacam, alcançando tópicos não imaginados. Sem se falar que, com a morte, todos os bens, títulos, haveres, permanecem na Terra. Seguem com o Espírito somente as virtudes e paixões, isto é, o bem que construímos e o mal que para nós mesmos criamos. Terceiro, recordarmos o exemplo de Jesus, perfeito modelo da humildade. Ele, o Rei Solar, nosso Governador planetário, veio até nós, viveu conosco, entregando-se ao trabalho de carpinteiro. E para a sua missão de amor, se identificou como o Pastor, que cuida das ovelhas. Maior de todos nós, apresentou-se como o Servidor. Finalmente, aceitar posições modestas para desempenho de tarefas anônimas, que a muitos beneficiam. 
* * * 
Sigamos nosso Modelo e Guia. 
Nossa passagem pela Terra é transitória, como todas as coisas do mundo.
Basta que grandes ventos se apresentem para destruir o que demoramos anos para edificar. 
Os temporais, as enxurradas, o inverno impiedoso ou a estiagem demorada são agentes do tempo sobre os quais não temos poder.
Lembremos da fragilidade humana e de que, para viver a cada dia, dependemos totalmente da Providência e da Misericórdia Divinas.
Pensemos nisso e sejamos menos orgulhosos. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. As espigas de trigo, do livro Lendas do céu e da Terra, de Malba Tahan, ed. Record. 
Em 12.3.2019.

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