Carl Sagan |
No dia 14 de fevereiro de 1990, a sonda Voyager 1 tirou uma fotografia do planeta Terra de uma distância recorde de seis bilhões de quilômetros.
Esta é a distância aproximada até o planeta Plutão. Cerca de quarenta vezes e meia a distância entre o sol e a Terra.
Na foto, nosso planeta é visto como um pálido ponto azul contra a imensidão do espaço.
A ideia foi do astrônomo e divulgador de ciência Carl Sagan, que convenceu os técnicos da NASA a girarem a sonda, reorientando-a para que tirasse uma última foto da Terra.
Quatro anos depois, num pronunciamento na Universidade Cornell, onde lecionava, Sagan refletiu sobre o significado daquela imagem:
-Não há melhor demonstração da folia humana do que essa imagem distante de nosso pequeno mundo.
Ela deveria inspirar compaixão e bondade nas nossas relações, mais responsabilidade na preservação desse precioso pálido ponto azul, nossa casa, a única.
Quando medido contra as distâncias cósmicas, a enorme quantidade de mundos espalhados pelo espaço, este pequeno planeta é verdadeiramente insignificante.
É apenas mais um dentre trilhões de outros viajando no espaço.
Será que nos damos conta disso: que o planeta, que nos parece tão vasto, é apenas um minúsculo ponto azul que se move ao redor de um sol de quinta grandeza?
Dessa forma, não seria mais razoável que parássemos para meditar um pouco a respeito de como vivemos aqui?
Por que, afinal, nos digladiamos tanto? Por que vivemos em disputas tolas por tudo e por quase nada?
Nem precisamos ir tão distantes quanto a sonda espacial. Basta que em uma viagem aérea, acompanhemos a rápida subida do avião e como tudo vai ficando minúsculo.
As pessoas parecem formigas, as grandes construções vão ficando menores e menores. O rio caudaloso, com suas cataratas assombrosas se torna um risquinho perdido em meio a algo verde.
Depois, tudo vai sumindo... sumindo...
Mais compaixão e bondade. Um pouco mais de paciência no trânsito, no relacionamento com nossos vizinhos, na fila do supermercado, no banco.
Menos discussões por coisas que significam coisa nenhuma. Algumas, simplesmente para se ter o prazer de ouvir o outro dizer: É, você tem razão.
Por que não sermos mais felizes? Por que não vivermos melhor, enquanto estamos aqui, no planeta azul?
Por que fecharmos fronteiras, impedindo que o irmão necessitado se abrigue em nosso país?
Por que criar tantas armas para a destruição de nós mesmos e da nossa casa?
Por que, afinal, brigarmos tanto?
Reflitamos um pouco e pensemos em ser mais cordatos, mais pacientes, mais solidários uns com os outros.
Cuidemos do nosso planeta. Participemos das campanhas que visam a melhor manutenção desta casa. É a única que nos pode abrigar agora e que ainda nos deverá abrigar por muito tempo.
Semeemos a compreensão, a compaixão, o entendimento. Comecemos com quem esteja mais próximo de nós.
Se cada um de nós começar a ter um ato de gentileza, de delicadeza, de atenção para com o outro, diariamente, teremos sete bilhões e meio de maravilhosos atos, tornando esta nossa casa melhor.
Melhor para viver. Melhor para conviver. Um lugar para amar, ter filhos, crescer, evoluir, ser feliz.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base
no artigo Planeta Terra, pálido ponto azul,
de Marcelo Gleiser.
Em 15.3.2017.
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