quarta-feira, 1 de março de 2017

CRIANÇAS FOLGADAS

Içami Tiba
O que se observa, com frequência, entre adolescentes, é a irresponsabilidade. Pais reclamam de filhos que não desejam fazer absolutamente nada. Nem cuidam dos seus próprios pertences. Cooperação? - nem pensar. Mães que trabalham fora arcam com o pesado ônus de chegarem em casa e terem redobrada sua carga horária. Os filhos exigem e exigem. É a refeição, a roupa, as contas para pagar, a empregada a ser orientada. E os filhos continuam folgados, entrando e saindo de casa como se estivessem em um hotel de luxo. Ou quem sabe em um iate com sofisticado serviço de bordo, com camareiros, mordomos, cozinheiros, atendentes de toda sorte. A preocupação excessiva em tratar todos os filhos de forma idêntica é um dos fatores que cria filhos folgados. E como isso se dá? Quando a mãe se sente na obrigação de realizar pelo filho maior algo que ele já pode fazer sozinho, somente pelo fato de que ela faz também para o bebê. Agindo assim, o maior passa a raciocinar: Eu posso, mas ela faz. Por que é que eu irei me esforçar? Quando se trata de filho único, o pensamento é: Eu sou capaz mas por que vou fazer, se minha mãe faz? Ora, enquanto os filhos são pequenos as mães fazem tudo com muito prazer. É bom sentir a dependência daquele ser tão frágil, tão pequenino. Saber que ele depende das atenções e cuidados maternos é confortador. Mas, à medida que os filhos crescem, com eles crescem as atribulações. E, depois de um certo período, eles passam a cobrar o que a mãe deixa de fazer. Acostumaram-se a folgar e exigir. Por que o prato predileto não foi preparado? Por que não tem sobremesa hoje? Por que a roupa com que ele deve comparecer à festa com os amigos não está passada e colocada sobre a cama? E o tênis, por que não foi lavado ainda? O filho folgado é alguém que deixou de fazer o que é capaz. E a mãe se torna uma escrava porque precisa dar conta de tarefas que não lhe cabem mais, além de muitas outras atividades. Por isso, não façamos pelos nossos filhos o que eles podem e devem fazer. Desde que se sustente nos próprios pés e ande, a criança que acabou de tomar a mamadeira, bem pode levá-la até a cozinha e colocá-la sobre a pia. Se deseja a chupeta, que a busque sozinha. Se quer o livro, o brinquedo, que os procure onde se encontrem e aprenda a colocá-los no lugar, para tornar a encontrá-los mais tarde. Cada dia na vida do filho é um dia na universidade da vida. E todas as lições não assimiladas, exatamente como na escola, devem ser reprisadas, renovadas e insistidas.
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A criança não pode dar o segundo passo sem ter dado o primeiro. E não conseguirá dar o primeiro, se não tentar. E se tentar, não tem obrigação de acertar. Cabe aos pais delegar tarefas que a criança é capaz de cumprir. O que ela aprender é dela. Passa a fazer parte do seu crescimento. Nada é mais gratificante para a criança do que vencer os desafios. Vestir a roupa, calçar o tênis, pegar um copo d´água. Cada tarefa resolvida é algo que a criança se dá de presente e deseja mostrar para todos. Redação do Momento Espírita com base em pensamentos extraídos do livro Disciplina - limite na medida certa, de Içami Tiba, ed. Gente. Em 14.01.2011

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