quarta-feira, 29 de março de 2017

A CRUZ E A DIGNIDADE

Em uma passagem evangélica, Jesus disse que quem quisesse ir após ele, deveria tomar sua cruz, renunciar a si mesmo e segui-lO. Esse convite sinaliza que o processo de sublimação do próprio ser é trabalhoso. A conquista da dignidade espiritual pressupõe o abandono de antigos vícios e a conquista de variadas virtudes. Também implica a quitação de velhas contas, oriundas de crimes cometidos contra as leis cósmicas. O Espírito em evolução precisa aprender a renunciar a seus hábitos tristes e a suas concepções equivocadas de vida, para se tornar puro e fraterno. A vida lhe propicia todas as condições para que se erga rumo ao seu destino glorioso. As penosas injunções da existência material são uma bênção. No lento processo de vivenciar e se desiludir das coisas do mundo, a alma passa a prestar atenção no que realmente importa. Compreende que a aparência física é muito transitória. Que o dinheiro muda rapidamente de mãos. Que a saúde oscila e se fragiliza com o passar dos anos. Que os amores mais caros vão para longe ou desencarnam. Lentamente, ela compreende a transitoriedade de tudo o que a rodeia. E entende que o primordial reside em seu íntimo. Que a paz da consciência, fruto de um viver digno, é o que de bom a acompanhará para sempre. Esse processo é lento e doloroso. Ele representa a cruz a ser levada. Ocorre que, em um mundo amplamente materializado como a Terra, todos sofrem. Não há ninguém que deixe de adoecer ou de morrer. Todos passam pela experiência da desencarnação de seres amados. Certamente não está a seguir o Cristo quem se revolta por tudo e por nada. Conclui-se que não basta levar a própria cruz. É preciso levá-la com dignidade, talvez até com alguma elegância. Há quem espalhe pelo mundo o rancor por suas dores. Com suas reclamações, inferniza a vida dos outros. Acha que todos têm o dever de ajudá-lo e exige que o façam. Porque enfrenta dificuldades, trata mal o semelhante. Justifica seu comportamento infeliz com as dores que vivencia. Entretanto, todos sofrem, em maior ou menor grau. Apenas alguns o fazem com mais elegância. Têm o cuidado de não infelicitar o próximo e praticam a caridade da paz. Entendem que a cruz é deles, não da coletividade. Quando necessário e possível, buscam e aceitam auxílio. Mas sem imposições, reclamações ou rebeldia. Assim, reflita que as injunções penosas de sua vida têm um propósito superior. Elas se destinam a promover sua pacificação interior e efetivamente o fazem, se bem suportadas. Mas de pouco adiantarão se você se desequilibrar e se tornar causa de angústia na vida do semelhante. Para que a experiência seja válida, é preciso vivê-la com dignidade. 
Redação do Momento Espírita. Em 29.11.2016.

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