DIVALDO PEREIRA FRANCO |
O missionário do bem se mostrava muito triste. Há dias, não conciliava o sono.
Tendo se dedicado ao próximo, de forma integral, recebia as pedradas de uma grande injustiça.
E sofria. Doía-lhe a cabeça. A alma sangrava.
Rogando o socorro dos benfeitores da vida, seu guia espiritual lhe apareceu e, ouvindo-lhe a mágoa, recordou-lhe que o mal não deve ser valorizado.
-Tu é quem estás dando valor à injustiça. Se dás valor à mentira, deves sofrer o efeito da mentira. Se tu sabes que não é verdade, por que estás sofrendo?
E para o confortar, lhe narrou a seguinte parábola:
-Havia uma fonte pequena e insignificante, perdida num bosque. Um dia, um viajante passou por ali, atirou um balde, retirou água e acabou com a sede.
A fonte ficou feliz e disse para si mesma:
-“Como eu gostaria de poder dessedentar os viandantes, já que sou uma água preciosa.”
E Deus permitiu que ela viesse à tona, de forma que as aves e os animais pudessem dela se servir.
-“Que bom é ser útil. Gostaria de ir além, umedecer as raízes das árvores. Correr a céu aberto.”
Pensou a fonte.
Veio a chuva, ela transbordou e se transformou num córrego.
Feliz, desejou chegar ao mar, porque o destino dos córregos e dos rios é atingir o mar.
E o riacho se tornou um rio. O rio avolumou as águas. Mas, numa curva do caminho, havia um toro de madeira, impedindo-lhe a passagem.
O rio tentou passar por baixo, contornar. Sem êxito. Então o rio cresceu e transpôs o obstáculo com firmeza.
No seu percurso, foi levando seixos, pedras, pequenos empecilhos que encontrou.
Quando algo imovível se apresentava à frente, ele crescia e o transpunha, até alcançar o mar.
E concluiu o benfeitor espiritual:
-Todos nós somos fontes de Deus. Um dia, alguém se acercou de ti e pediu para beber da água que tinhas.
A felicidade te encheu a alma e pediste a Deus para servir mais. Então, transbordaste de amor e cresceste.
A alegria cantava hinos aos teus ouvidos. Agora, quando uma dificuldade se apresenta, tu choras?
Faze como o rio. Transpõe as pedras das dificuldades. Não fiques a te lamentar.
Tua fatalidade é o mar, o grande oceano da misericórdia divina.
* * *
Pode ser que, em tua vida, estejas a passar por algo semelhante.
Aproveita a lição. Não permitas que os maus te entravem a trilha por onde segues.
Confiante, ora e suplanta as dificuldades.
Injustiças te perseguem? Não faças caso, não as valorizes, porque somente a verdade é imperecível.
Os homens que cometem as injustiças, logo mais não estarão mais na Terra.
Como tu mesmo. Preocupa-te somente em oferecer as águas do teu amor a quem necessita.
Não permitas que a inveja e a maldade empanem o brilho das tuas conquistas.
O que importa é a tua semeadura nobre, digna, de cada dia para que, ao final da jornada, possas olhar para trás e ver somente o rastro de bênçãos que deixaste em tua caminhada.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A parábola, do livro A veneranda Joanna de Ângelis, de Celeste Santos e Divaldo Pereira Franco,
ed. LEAL.
Em 27.3.2017.
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