segunda-feira, 3 de julho de 2023

LAMPARINAS

Uma pequena lâmpada, cheia de óleo, também conhecida como lamparina, gabava-se de ter um brilho superior ao do sol. 
Era mesmo uma tola, com seu brilho tão fraco. 
Porém, uma rajada de vento assoprou e a apagou. 
O homem veio e voltou a acendê-la. 
Então, a advertiu: 
-Ilumina, cumpre o teu papel e fica calada. Quem brilha de verdade não conhece a escuridão.
* * * 
O brilho de uma vida gloriosa não deve nos encher de orgulho. 
Afinal, nada do que temos nos pertence de verdade. 
Tudo na Terra é passageiro, temporário. 
Quando menos esperamos, a fortuna se vai, a saúde fica comprometida, os amigos desaparecem. 
Vangloriar-se de qualidades que não temos, de vitórias não conquistadas, falar do que sabemos e fazemos não nos torna superiores a ninguém. 
Em verdade, mostra muito mais o quanto somos tolos, pensando que outros acreditarão no que ainda não demonstramos em nossa maneira de agir. 
Nosso equilíbrio emocional deve repousar sobre a humildade, essa virtude que nos permite vermos, claramente, o que já somos, o que alcançamos e o quanto ainda temos a caminhar. 
O orgulho e a vaidade não nos conduzem a lugar algum, a não ser ao trono dos desenganos. 
Quando o orgulho se une à ilusão, passamos a nos considerar, de forma equivocada, como aqueles que nunca erram, que tudo sabem, até mesmo a correta pronúncia em outros idiomas. 
E pretendemos, nessa tola ilusão, corrigirmos os demais. 
Acreditamos saber tudo, de geografia à história, ciências, arte e política.
Dominamos qualquer assunto. 
Somente não nos damos conta de como nos tornamos ridículos com esse comportamento. 
De outra parte, o orgulho, aliado à vaidade, também nos conduz à lamentação, à raiva, à revolta, porque nos acreditamos merecedores de tudo que há de melhor no mundo. 
Pessoas a quem os reveses e sofrimentos não devem alcançar, de forma alguma. 
Se, no entanto, cultivarmos a humildade, teremos a exata ideia da nossa estatura intelectual e moral. 
Saberemos falar quando for oportuno e nos calarmos quando alguém mais sábio se expressar. 
Além do que, calados, ouviremos melhor e poderemos aprender aquilo que ainda não sabemos. 
Ou sabemos parcialmente. 
A humildade nos permite reconhecer quem realmente somos, conscientes das nossas virtudes e defeitos, capacidades e vontades. 
Sobretudo nos diz que não somos superiores aos demais, mesmo que sejamos detentores de várias virtudes. 
Isso porque estamos todos em processo de progresso, de evolução. 
O que conquistamos pode nos constituir grande vitória, mas comparado a tantos outros, pode ser quase nada. 
Afinal, há muito ainda a aprender, nesta Terra. 
E, quando deste planeta tenhamos absorvido toda a ciência, saber e moralidade, migraremos para outros mundos, continuando o progresso, cujas dimensões desconhecemos. 
Assim, não sejamos como a lamparina, falando do que não sabemos e alardeando o que não somos. 
Nosso proceder fala por nós, sem necessidade de que anunciemos pretensas virtudes ou saberes. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 27.2.2021.

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