Estava feliz.
Eram suas férias escolares e, por isso, ele estava passando uma temporada com sua avó.
Ouviu um ruído que vinha da sala.
Em disparada, dirigiu-se para lá, confiante de que encontraria a avó.
Ela estava sentada à mesa.
Uma música leve e reconfortante ao fundo, uma xícara de café esfumaçante à sua frente e, em suas mãos, lápis e papel.
Atenta, escrevia.
-Vovó, você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? É uma história sobre mim?
Questionou o curioso menino.
-Estou escrevendo sobre você, é verdade.
Respondeu, sorrindo, a avó.
-Entretanto, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou utilizando.
-O lápis, vovó? Mas por quê?
-Porque eu gostaria que você fosse como ele quando crescesse.
O menino olhou demoradamente para o lápis, como que buscando uma característica especial que o diferenciasse dos outros tantos que ele já havia visto.
-Mas ele é igual a todos os lápis que já vi em minha vida!
-Tudo depende do modo como você olha para as coisas, -respondeu a avó, tomando-o ao colo.-Há cinco qualidades nele que, se você conseguir perceber, imitar e manter ao longo de sua vida, será sempre uma pessoa feliz e em paz.
-Quais são essas qualidades, vovó?
-Assim como o lápis, você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer jamais que há sempre uma mão a lhe guiar os passos. Essa mão é Deus. É Ele quem nos conduz e guia, do esboço à arte final.
De vez em quando, o lápis precisa ser apontado. Isso faz com que ele sofra um pouco mas, ao final, está muito melhor do que antes. Assim, nós também precisamos saber suportar a dor, pois é ela quem nos molda e nos torna mais sábios.
O lápis permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que escrevemos errado. De igual forma devemos agir, humildemente, permitindo que nossos erros sejam corrigidos, a fim de nos mantermos retos no caminho da justiça.
A sábia senhora fez uma ligeira pausa para tomar um gole de café, quando o neto indagou:
-E quais são as duas últimas qualidades, vovó?
Deslizando seus dedos pelos cabelos do neto, a avó prosseguiu:
-O que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas sim o grafite, que deve ser preciso. Isso nos diz que devemos valorizar nossa essência.
Finalmente, meu filho, o lápis sempre deixa uma marca. Da mesma forma, tudo o que fazemos na vida deixa traços. Portanto, devemos tomar consciência de cada escolha que fazemos em nossa jornada, pois, sem dúvidas, ela trará consequências e deixará marcas.
E, entregando o lápis nas mãos do neto, a avó concluiu:
-Seja como um lápis, meu filho, e você escreverá uma história de vida próspera e feliz.
* * *
Guiados pelas mãos Divinas, estamos constantemente a escrever nas páginas do livro da vida: família, fé, trabalho, caridade, humildade, paciência, resignação, amor...
São palavras que não podem faltar em nossos versos e prosas.
A cada nova frase, mais nos autoconhecemos.
Nas palavras do poeta Fernando Pessoa:
-Quando escrevo, visito-me solenemente.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita,com citação do livro
Desassossego, de Fernando Pessoa, ed.
Companhia de Bolso.
Em 28.10.2014.
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