E Ele o sabia.
Anunciado Seu nascimento por mensageiros celestes, aguardado pelos séculos afora, Ele afinal chegou.
Viveu com os homens por pouco mais de três décadas.
Iniciou o Seu messianato numa festa de alegrias, em Caná, comemorando as bodas de um parente de Sua mãe.
E, na noite daquela quinta-feira ele encerra o Seu messianato, na Terra, comemorando a páscoa judaica, conforme a tradição de Israel.
Após a ceia, Ele despe a túnica, coloca uma toalha sobre os rins, toma de um jarro com água, uma bacia e começa a lavar os pés dos apóstolos.
Surpreendem-se eles.
Aquela é uma tarefa exclusiva dos escravos.
Nenhum patriarca em Israel, nenhum pai de família israelita a realizava.
Recebia-se o convidado à porta com um beijo de boas-vindas.
De imediato, um escravo desatava as sandálias do nobre conviva e lhe lavava os pés, diminuindo o desconforto gerado pelo uso das sandálias abertas, naquelas terras poeirentas.
Pedro procura se esquivar.
-O Mestre é muito especial para se humilhar tanto!
Contudo, como Jesus lhe diz que se ele não se permitir lavar os pés, não terá parte com Ele, em Seu reino, Pedro aceita o gesto.
Concluída a tarefa, o excelente professor da Humanidade toma assento novamente entre os que privam da ceia, e aduz:
-Compreendeis o que vos fiz?
Vós chamai-me mestre e senhor, e dizeis bem, porque o sou.
Se eu, pois, senhor e mestre, vos lavei os pés, deveis lavar-vos os pés uns aos outros.
Porque eu dei-vos o exemplo, para que, como eu vos fiz, assim façais vós também.
Quanta grandeza no enunciado!
Primeiro, Ele ensina que nenhum de nós deve se esquivar ao autoconhecimento.
Autoconhecer-se é imprescindível para se alcançar a felicidade.
Dessa forma, Jesus enfatiza que Ele é Mestre e Senhor.
Diz-nos, assim, que cada um de nós deve ter consciência das virtudes adquiridas.
Cada qual deve saber o que já conquistou, o seu valor.
Nada de equivocado, portanto, que, numa autoavaliação, nos qualifiquemos como quem já detém uma ou outra virtude, embora não em sua totalidade.
Jesus nos exemplifica.
A segunda lição é a de que, por maiores sejamos, por nossa condição intelecto-moral, por cargos que ocupemos, por responsabilidades que tenhamos, de forma alguma nos devemos aclimatar ao orgulho.
Afinal, que são alguns anos sobre a Terra face à eternidade que nos aguarda?
Além do que, de que nos vamos orgulhar?
De uma determinada conquista, de um posto hierarquicamente superior, da avantajada intelectualidade?
Que representa isso, face ao Universo e a Eternidade?
Somos habitantes de um minúsculo planeta em um sistema planetário que tem a sustentá-lo um sol de quinta grandeza!
Pensemos nisso, recordando o ensino crístico e sejamos mais humildes, aprendendo a servir e servir sempre.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XIII,
versículos 12 a 15 do Evangelho de João.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP.
Em 31.01.2017.
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