sexta-feira, 25 de novembro de 2022

ESQUECENDO AS OFENSAS

Amir e Farid eram dois mercadores árabes muito amigos. 
Sempre viajavam juntos. 
Cada qual com seus camelos, mercadorias, escravos e empregados.
Numa das viagens em que o calor se apresentava abrasador, pararam às margens de um grande rio. 
Farid resolveu tomar um banho e para isso mergulhou nas águas caudalosas. 
Um momento de distração e acabou sendo arrastado pela correnteza do rio. 
Amir, pressentindo o risco que corria o amigo, atirou-se no rio e o salvou, embora com esforço. 
Muito agradecido, Farid chamou um dos seus escravos e lhe ordenou que escrevesse numa pedra próxima, em letras grandes e profundas:
Aqui, com risco de perder sua própria vida, 
Amir salvou o seu amigo Farid. 
A viagem prosseguiu. 
Os negócios se realizaram e no retorno, pararam no mesmo local para um descanso rápido. 
Recomeçando a conversar, iniciaram uma discussão por divergência de opiniões. 
Com os ânimos acirrados, Amir esbofeteou Farid. 
Então Farid se aproximou da margem do rio, escolheu uma pequena vara e escreveu na areia: 
Aqui, por motivos tolos, Amir esbofeteou Farid. 
O escravo, que escreveu na rocha a frase anterior, ficou intrigado e perguntou: 
-Senhor, quando fostes salvo, mandastes gravar o feito numa pedra. Agora escreveis na areia a ofensa recebida. Por que agis assim? 
Farid olhou para o escravo e respondeu com sabedoria: 
-Os atos de bondade, de amor e de abnegação devem ser gravados na rocha para que todos os que tiverem oportunidade de tomar conhecimento deles, procurem imitá-los. Porém, quando recebermos uma ofensa, devemos escrevê-la na areia, bem perto das águas, para que seja por elas levada. Assim procedendo, ninguém tomará conhecimento dela. E, acima de tudo, para que qualquer mágoa desapareça de pronto do nosso coração.
* * * 
Sábia ponderação de Farid. 
Se agíssemos todos desta forma teríamos menos ódio e malquerenças no mundo. 
A gratidão seria a nota constante nos relacionamentos humanos. Ninguém esqueceria o bem recebido. 
Igualmente, os gestos de bondade se espalhariam, pois seriam causa de imitação por muitos. 
Em contrapartida, menos doenças e indisposições seriam geradas pelos homens, pois não alimentando mágoa, nem rancores, viveriam mais serenamente, o que equivale a menos propensão a enfermidades. 
A mágoa é sempre geratriz de infortúnios para si e de infelicidade para os outros. 
* * * 
Você sabia que foi por ser o mais Sábio Terapeuta que recomendou o perdão aos inimigos? 
E mais: que Ele recomendou pagássemos o mal com o bem? 
Isso porque o bem felicita sempre aquele que o pratica. 
Redação do Momento Espírita, com base em história publicada no Jornal Correio Fraterno do ABC, de janeiro/1997. Disponível no CD Momento Espírita, v. 2, ed. FEP. 
Em 23.11.2022.

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