terça-feira, 1 de novembro de 2022

DESATANDO NÓS...

Narra uma lenda que o rei da Frígia, assim chamada a Ásia, durante o Império Bizantino, morreu sem deixar herdeiro para o trono. Era o século VIII a. C. Consultado, um oráculo anunciou que o sucessor deveria chegar à cidade num carro de bois. Então, um camponês, de nome Górdio, no veículo descrito, adentrou a cidade. Entendendo que a profecia estava se cumprindo, ele foi coroado. Para que jamais esquecesse seu passado humilde, ele colocou a carroça, que lhe rendera a coroa, no templo de Zeus. E a amarrou com um enorme nó a uma das colunas. Na prática, era um nó impossível de ser desatado. Górdio reinou por muito tempo. Seu filho, chamado Midas, o sucedeu no trono e expandiu o império. Ao morrer, no entanto, não deixou herdeiros. Novamente, foi ouvido o oráculo que declarou que quem desatasse o nó de Górdio dominaria todo o mundo. Passaram-se os séculos, meio milênio, em verdade, e ninguém conseguiu realizar a proeza de desatar o dito nó. Então, o jovem Alexandre Magno tomou conhecimento da lenda e decidiu passar pela Frígia. Foi ao templo de Zeus e observou o nó feito por Górdio. Após alguma análise, ele desembainhou a sua espada e cortou o nó. 
Lenda ou verdade, o fato é que Alexandre se tornou senhor de toda a Ásia Menor. É considerado um dos melhores estrategistas militares do Mundo Antigo. E o edificador de um dos maiores impérios que o mundo já viu. O seu feito levou à expressão cortar o nó górdio, ou seja, resolver um intrincado problema da maneira mais simples e mais eficaz. 
Isso nos remete à reflexão de que, por vezes, bastam ações simples para resolver problemas que nos podem parecer insolúveis. 
Medidas singelas e efetivas, que nos falam de simplicidade e descomplicação. 
Com certeza, foi por isso que o Mestre de Nazaré estabeleceu a regra de ouro: 
-Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas, conforme as anotações do Evangelista Mateus. 
Quase sempre a solução da dificuldade que se apresenta está sob nossos olhos, mas não conseguimos ver. 
Como o grande Alexandre, é importante que não fiquemos presos a um roteiro, ao que todos fazem, conforme todos pensam. 
Importante pensar fora da caixa, de maneira objetiva. 
Embora a solução de um problema possa não ser fácil, será sempre simples. 
A jornada de Jesus na Terra foi adornada de simplicidade. 
Cantou as Suas bem-aventuranças em plena natureza, narrou inesquecíveis parábolas utilizando-se de temas conhecidos e familiares como o joio e o trigo, a figueira seca, o semeador, o samaritano. 
Serviu-se de objetos e situações do cotidiano para falar de coisas grandiosas, de um reino a ser implantado no coração dos homens: uma moeda perdida, uma pérola encontrada no campo, a lida de um semeador, uma vinha. 

Não se referiu a Deus com palavras complexas: simplesmente nos disse poeticamente:
-Meu Deus e vosso Deus, Meu Pai e vosso Pai. 
Um Pai soberanamente justo e bom, Senhor do Universo. 
Um Pai a quem pertence todo poder e glória. 
Simples como as pombas. 
Também prudentes para não identificar nós onde existe apenas um laço, que pode ser desatado, suavemente. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo O nó górdio, a navalha e a simplicidade, de Telma Maria Santos Machado, delegada da Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas, no Estado do Sergipe. 
Em 1º.11.2022
http://momento.com.br/pt/index.php

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