Ninguém se entende.
Por mais que surjam teorias pacifistas, a crise desponta sem controle, ameaçando tudo levar de roldão, numa enxurrada de loucura e insensatez.
Em torno de seus passos, observa uma infância cercada de todas as possibilidades materiais, mas privada do carinho dos pais, porque eles estão nas lutas para a manutenção financeira da família ou, quando abastados, se furtam da convivência com filhos birrentos e chorões, terceirizando a sua educação.
Você constata a juventude sem freios, mergulhada nas dissipações de toda ordem.
Cultuam ídolos de barro, empregando as próprias forças na satisfação de prazeres corporais, dos quais muitos saem mutilados emocional e psicologicamente.
Uma madureza sedenta de triunfo na ribalta dos negócios, como se a vida se resumisse a cifrões e bitcoins, apólices e itens de luxo.
Corpos esculpidos em academias sofisticadas ou em caríssimas cirurgias de natureza estética, onde se busca a perfeição na ponta do bisturi.
Perfeição de fora e, dentro, graves transtornos do humor e da afetividade.
Buscando sair um pouco da histeria coletiva das ruas, você liga a TV ou busca os canais da internet.
Observa a quantidade de propagandas lhe martelando os dedos para adquirir esse ou aquele produto, tornando-o um consumidor voraz e compulsivo.
Em qualquer ambiente buscado, o excesso de barulho lhe furta um minuto de silêncio.
Sirenes gritam lá fora, exigindo ruas livres para a polícia, os bombeiros ou a ambulância, transportando alguém nas últimas.
Sim, você desejaria que numa manhã tudo estivesse em silêncio.
Ruas vazias, permitindo que as pessoas se encontrassem para o cultivo do diálogo fraterno.
Sente a falta de também falar de suas angústias, de suas buscas existenciais.
Porém, quase todos o procuram para descarregar as próprias tensões.
Lá no fundo você percebe uma saudade não aplacada, um vazio não preenchido.
Quem dera numa esquina dessas, Ele surgisse como outrora.
Pés descalços, túnica impecável, cabelos soltos ao vento.
Nenhuma mochila às costas.
Nenhum smartphone nas mãos.
Fones de ouvido? Nem pensar!
Ele viria caminhando pela calçada, conversando com um e com outro, até que os olhos dEle se fixariam nos seus.
Não lhe perguntaria o nome, não indagaria sua origem, não lhe interrogaria sobre os fracassos enfrentados nem desejaria saber sua profissão.
Ele simplesmente o abraçaria, giraria o corpo em direção contrária e caminharia com você em direção ao mar.
Ali sentaria ao seu lado, na praia.
E, por longos minutos, você e Ele ficariam lado a lado, absorvidos e extasiados pela majestade do oceano sem fim.
Ligeiro cochilo lhe retiraria desse mundo de barulho e frenesi.
Quando sua consciência voltasse ao pleno funcionamento, Ele já não estaria ao seu lado.
Na areia onde Ele sentara, um verbete estaria para sua edificação:
-Ama.
Apenas isso.
Três letras maiores que todo o oceano.
-Ama.
Se estas três letras forem postas em ação, nossa vida terá outro sentido existencial.
Redação do Momento Espírita, inspirada em mensagem
do Espírito Marta, psicografia de Marcel Mariano, em
Juazeiro/BA, em 11.10.2022.
Em 28.11.2022.
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