A vida raramente transcorre conforme os planos e as expectativas.
Improvisações e mudanças de rota são frequentemente necessárias.
Mas algumas decepções são particularmente difíceis: a perda ou o comportamento indigno de entes queridos, enfermidades dolorosas, dificuldades materiais persistentes.
Certas injunções penosas que se prolongam no tempo constituem um teste para a fibra moral.
No princípio, é até fácil aceitar a sorte.
Mas o transcorrer dos meses ou dos anos gradualmente mina a resistência.
Um pequeno período de desemprego é desagradável, mas não chega a desestruturar a vida.
Já permanecer desempregado por longo tempo constitui uma grande provação.
Uma enfermidade ligeira atrapalha.
Contudo, uma doença crônica impõe severas alterações no modo de viver.
É então que, muitas vezes, o homem se permite blasfemar.
Compara sua vida com a dos outros e reclama de Deus.
Acha-se injustiçado, pela dureza de sua vida, e deseja trocar de lugar com o próximo.
Entretanto, a injustiça é um conceito estranho às leis divinas.
Cada qual vive exatamente as experiências de que necessita em sua jornada para a plenitude.
Dificuldades são desafios e não desgraças.
Constitui incumbência do homem, manter a serenidade em face das dores, enquanto busca o melhor meio para libertar-se delas.
Algumas injunções inexoráveis são o resgate de equívocos do pretérito.
A maior parte das vezes o sofrimento decorre de atos insensatos desta vida.
Mas, certas dores são reflexo de comportamento equivocado em encarnações passadas.
Talvez alguém seja um pai exemplar e, contudo, seus filhos só lhe causem decepção.
O filho recebido no berço, como um penhor de felicidade, revela-se vicioso.
A despeito de todos os exemplos dos pais, segue entre desatinos.
A filha também não sabe honrar o lar paterno.
Embora educada, com base nos mais elevados princípios, possui hábitos levianos.
Quiçá esse pai lance um triste olhar para os lares alheios, e se considere injustiçado, pois foi brindado com criaturas difíceis para educar e conduzir.
Entretanto, o desconhecimento da lei da reencarnação permite esse tipo de pensamento.
Se tal genitor pudesse analisar seu passado espiritual, certamente entenderia o que ocorre.
As criaturas difíceis que nos rodeiam podem ser aquelas que desrespeitamos ou desvirtuamos no pretérito.
Quem acordou primeiro das ilusões deve auxiliar os que seguem na retaguarda.
O filho desrespeitoso bem pode ser um companheiro de loucuras passadas.
Mais frágil e imaturo, foi conduzido ao despenhadeiro do vício pelos exemplos recebidos.
O pai que hoje se desgasta, em difícil processo de educação, pode estar labutando para desfazer os estragos a que deu causa.
É sempre importante considerar que não há injustiça nos estatutos divinos.
Dores e alegrias, facilidades e dificuldades são o natural salário da vida que se leva.
Assim sendo, faça o melhor que puder, certo de que não há sementeira sem frutos.
Toda injustiça é apenas aparente.
Redação do Momento Espírita.
Em 19.11.2021.
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