sexta-feira, 27 de maio de 2016

CEGO DE JERICÓ

O Evangelho de Lucas contém a passagem do cego de Jericó. Segundo ele, perto de Jericó, havia um cego assentado junto do caminho, mendigando. Ao ouvir passar a multidão, perguntou o que era aquilo. Responderam-lhe que Jesus, o Nazareno, passava. Imediatamente o cego clamou, dizendo: Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim. Os que passavam o repreendiam para que se calasse. Mas ele clamava ainda mais alto pela misericórdia do Cristo. Então, Jesus parou e mandou que lhe trouxessem o pedinte. Quando esse foi posto ao Seu lado, indagou o que queria que lhe fizesse. O cego respondeu:
- Senhor, que eu veja. 
Jesus lhe disse: 
-Vê; a tua fé te salvou. 
O mendigo, imediatamente, passou a ver e a seguir Jesus, glorificando a Deus. 
 * * * 
Essa narrativa enseja interessantes reflexões. Retrata qual deve ser o propósito dos seres em evolução, perante as bênçãos celestes. Um miserável se encontrou com o representante da Misericórdia Divina na Terra. Nessa oportunidade tão magnífica, ele pediu para ver. O objetivo desse cego honesto e humilde deveria ser o de todos os homens. Mergulhados na carne ou fora dela, com frequência, se assemelham ao pedinte de Jericó. O trabalho da vida os chama, apela por eles com veemência. A luz do conhecimento os abençoa. O afeto da família os sustenta. As oportunidades se apresentam, instigantes e preciosas. Mas eles permanecem indecisos, à beira do caminho. Quedam inertes, sem coragem de marchar para a realização elevada que lhes compete atingir. É como se esperassem facilidades imensas. Como se o trabalho do bem devesse ser feito por privilegiados. Nesse contexto de preguiça e covardia, por vezes, surge uma revelação espiritual. De algum modo, dá-se a aproximação com a esfera psíquica do Cristo. Então, o mundo se volta contra eles. Esse movimento repressor pode se dar das mais variadas formas. Pode ser na figura de convites a viver com leviandade. Ou mediante o discurso desanimador quanto à vitória do bem. De um modo ou de outro, eles são induzidos à indiferença para com o bem maior. Então, muito raramente sabem pedir com sensatez. Por isso mesmo, é muito valiosa a recordação do pobrezinho referido pelo evangelista Lucas. Não é preciso e nem conveniente comparecer diante do Mestre com volumosa bagagem de rogativas. Não é sensato pedir por facilidades, influências ou riquezas as mais diversas. Basta que se lhe peça o dom de ver, com a exata compreensão das particularidades do caminho evolutivo. Que o Senhor conceda o dom de enxergar todos os fenômenos e situações, pessoas e coisas, com amor e justiça. Com esse dom, cada qual possuirá o necessário à própria alegria imortal. Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 44, do livro Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 31.08.2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário