ALICE GRAY |
O que será mais importante: uma casa ou um lar? Existe grande preocupação com a casa. São importantes o estilo, o tamanho, os móveis e, claro, cada coisa no seu lugar.
Enquanto não se tem filhos, quase tudo vai bem, mas depois, começa a se tornar difícil se ter uma casa bem arrumada.
Alguns pais ocultam brinquedos das crianças, porque elas fazem bagunça demais. Esquecem que, quando se tornarem adultas, elas não necessitarão mais de brinquedos.
Um dia, um pai, depois de ouvir o estardalhaço da esposa sobre o estado de sua casa, perguntou: Afinal, o que você quer: uma casa ou um lar?
As palavras soaram como uma bomba. Ele tinha razão. Os olhos dela se voltaram para um quadro que se encontrava na parede da sala.
O quadro mostrava uma antiga roda de vagão de trem, encostada em um pilar, prestes a apodrecer. O mato ameaçava tomar conta das flores silvestres que cresciam perto de sua base.
No topo do pilar, havia uma velha caixa de correspondência amassada, cuja porta sustentava-se no lugar apenas por uma dobradiça enferrujada.
Dentro, protegidos em seu ninho de galhos secos, quatro filhotes aguardavam a refeição. A cautelosa mãe estava empoleirada no galho de um arbusto retorcido, que sobressaía do outro lado da abertura da caixa.
Ela havia escolhido o local do ninho com muito cuidado. Ali, seus filhotes estariam protegidos do sol e da chuva, enquanto ela e seu companheiro procuravam comida.
A pequenina ave não estava preocupada com o que seus vizinhos poderiam pensar ou se seu ninho passaria pelo teste de controle de qualidade.
A mensagem da pintura era muito simples: a casa não faz o lar. O lar é construção da família. É produto do carinho e do amor. Resultado do saber eleger prioridades.
Assim, quando você tiver que escolher entre uma casa totalmente limpa e arrumada e as necessidades de sua família, pense um pouco.
Se sua filha a convidar para sair com ela e você tiver roupas para lavar, pense que sempre haverá roupas sujas, mas um dia aquela garotinha vai parar de chamar você para sair com ela.
Se seu filho o convidar para jogar bola e você estiver pensando em colocar em ordem a sua biblioteca, pense que os livros continuarão sempre necessitando de ordem e limpeza, mas o seu garotinho crescerá e deixará de buscar você para chutar bola com ele.
Naturalmente, você não dará todo o seu tempo aos seus filhos, mas terá o bom senso para administrá-lo bem, a fim de eleger o que seja mais importante.
* * *
Mantenha a casa em ordem, mas não esqueça de colocar flores de ternura nos vasos do seu lar, e de regá-las com a água da paciência.
Quando descobrir rabiscos nas paredes, peça a seus filhos que os limpem, mas antes admire o arco-íris que eles pintaram.
Quando aparecerem marcas de dedos nas janelas, providencie a limpeza, mas antes fotografe todos os dedinhos com a câmara do seu coração para sempre os lembrar.
E quando descobrir brinquedos quebrados, agradeça a Deus, que sejam somente brinquedos e não os corações amados dos seus filhos, joias preciosas da sua existência.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Quadro perfeito,
de Ann Campshure e no cap. A oração de uma mãe, de Ângela Thole,
do livro Histórias para o coração da mulher, de Alice Gray,ed. United Press.
Em 17.7.2014.
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