terça-feira, 7 de novembro de 2023

A LIÇÃO DA INFÂNCIA

Nadine Helena Marcon
Eram duas crianças a brincar na praia, na manhã plena de sol. 
Tinham em torno de três anos e os olhos atentos das mães as vigiavam. 
As meninas iam e vinham da beira do mar carregando água em seus baldinhos, construindo formas na areia. 
Em certo momento, uma bola entrou na brincadeira. 
Ambas a queriam e cada qual segurou com mais força, tentando tirá-la da outra. 
Finalmente, Stéphanie bateu forte no rosto de Nadine e tomou a bola para si. 
De imediato, as mães se aproximaram. 
Uma, repreendendo a filha pelo mau comportamento e insistindo que ela pedisse desculpas. 
A outra consolando com carícias a agredida, que fazia carinha de choro. 
Mas não passou muito tempo e lá estavam as duas novamente na areia. 
Nadine, a menina que sofrera a agressão, foi a primeira a recomeçar a brincadeira. 
Com sua naturalidade infantil, se aproximou da outra, abaixou a cabecinha, olhou-a no rosto e perguntou: 
-Você ainda está muito brava comigo? 
Antes que a resposta saísse dos lábios de Stéphanie, lançou outra pergunta: 
-Quer brincar comigo? 
E brincaram até a noite estender seu manto de estrelas e luar sobre a Terra. 
* * * 
Bom seria se fôssemos como essas crianças, capazes de perdoar, esquecer e prosseguir juntos. 
Quantas vezes criamos problemas graves, de larga duração, somente pelo fato de não cedermos um milímetro do próprio orgulho. 
Quantos casais têm conturbado o seu relacionamento porque um não deseja perdoar o outro pela palavra agressiva, pelo gesto infeliz de grosseria. 
Muita vez, o cônjuge agressor tenta se redimir. 
Por sentir dificuldades de se achegar e pedir desculpas, envia flores com um bilhete, um cartão. 
Mas, em vez de receber o que esperava, tem devolvidos o ramalhete e o recado. 
Persistindo a má vontade de um, a indelicadeza do outro, desfaz-se um compromisso afetivo, gerando sérias consequências. 
Amizades de longos anos esmorecem por coisa nenhuma. 
E bastaria tão pouco. 
Bastaria que voltássemos à capacidade da nossa infância, quando esquecíamos à tarde a desfeita que nos fora dirigida pela manhã. 
Você sabia? 
Você sabia que perdoar consiste em dar oportunidade a quem ofendeu de se redimir? 
Que o exercício do perdão exige uma boa dose de humildade e de altruísmo? 
Todos precisamos que nos perdoem pelas faltas de todos os dias, pelo nervosismo das respostas, pelas críticas irônicas, pelo descaso e a indiferença. 
Por essa razão foi que Jesus recomendou o perdão incondicional das ofensas pois também precisamos do perdão do nosso próximo. 
Redação do Momento Espírita, a partir de fato ocorrido com Nadine Helena Marcon. 
Em 29.1.2019.

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