Ele fugiu rápido, com medo da feroz predadora.
A serpente nem pensou em desistir.
O inseto fugiu um dia.
Ela não desistiu.
Dois dias.
E ela continuou a persegui-lo.
No terceiro dia, sem forças, o vagalume parou e disse à perseguidora:
-Posso te fazer três perguntas?
A serpente ficou surpresa com a ousadia de quem ela pretendia devorar.
Entretanto, respondeu:
-Não costumo abrir esse precedente para ninguém. Mas como vou te devorar mesmo, pode perguntar...
-Pertenço à tua cadeia alimentar?
-Claro que não. Esclareceu de imediato, a cobra.
-Eu pratiquei algum mal contra ti?
Tornou a indagar o vagalume.
-Não. Disse ela.
-Então, por que você quer acabar comigo?
A cobra deu um suspiro e esclareceu:
-Porque eu não suporto te ver brilhar...
* * *
A cada passo, na estrada humana, encontramos a sombra da inveja.
Raramente a pessoa admite que é invejosa, embora se torture intimamente por causa desse mal.
O invejoso se sente arder por dentro cada vez que se vê impossibilitado de ter o que os outros têm, de fazer como os outros fazem ou de ser como os outros são.
O mais lamentável é que, por não conseguir ou não desejar se esforçar para chegar aonde o outro chegou, tudo faz para derrubá-lo.
É comum que monte calúnias, divulgue mentiras, espalhe malquerenças.
Tudo como se desejasse se vingar daquele cujo grande erro está em se sobressair em inteligência, em ações, em haveres materiais.
A inveja é essa força perturbadora que enceguece o invejoso.
Tanto que ele não se apercebe de que se lutasse como os outros lutam, se trabalhasse como os outros trabalham, se estudasse como os outros estudam, por certo poderia conquistar o que é objeto da sua inveja.
* * *
Se nos afirmamos cristãos e desejamos nos aproximar do supremo bem, abandonemos a inveja que somente envenena as vidas humanas.
Afastemo-nos dessa agonia que a inveja impõe.
Aprendamos a comentar positivamente os bons feitos das pessoas.
Cumprimentemos com honestidade os que se apresentam com qualquer virtude que ainda não conquistamos.
Imitemos os bons exemplos e as providências felizes.
Pensemos que ninguém é igual a ninguém.
Cada qual é portador de possibilidades e conquistas diferentes.
E que muitos e diversos são os desfechos nos caminhos humanos.
Uns utilizam as mãos para acariciar e extrair melodias do teclado.
Outros as utilizam para erradicar enfermidades, através de complicadas cirurgias.
Uns brilham na oratória.
Outros se servem da palavra para o consolo e a esperança.
Uns escrevem leis, outros compõem poemas.
Alguns olham para o céu e descobrem a maravilha do universo sempre em expansão.
Outros se detêm a explorar a intimidade dos mares, descobrindo a riqueza da vida que se renova, constantemente.
Há diplomatas hábeis para as relações internacionais.
Também portas adentro dos lares, criaturas valorosas estabelecendo pontes de paz, para a harmonia doméstica de todos os dias.
Aprendamos a viver contentes em toda e qualquer situação.
Redação do Momento Espírita, com base no texto A
serpente e o vagalume, de autor desconhecido e no
cap. 26 do livro Para uso diário, do Espírito Joanes,
psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 18.11.2023.
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