domingo, 19 de novembro de 2023

A SERPENTE E O VAGALUME

RAUL TEIXEIRA
Conta uma lenda que uma serpente começou a perseguir um vagalume. 
Ele fugiu rápido, com medo da feroz predadora. 
A serpente nem pensou em desistir. 
O inseto fugiu um dia. 
Ela não desistiu. 
Dois dias. 
E ela continuou a persegui-lo. 
No terceiro dia, sem forças, o vagalume parou e disse à perseguidora: 
-Posso te fazer três perguntas? 
A serpente ficou surpresa com a ousadia de quem ela pretendia devorar. 
Entretanto, respondeu: 
-Não costumo abrir esse precedente para ninguém. Mas como vou te devorar mesmo, pode perguntar... 
-Pertenço à tua cadeia alimentar? 
-Claro que não. Esclareceu de imediato, a cobra. 
-Eu pratiquei algum mal contra ti? 
Tornou a indagar o vagalume. 
-Não. Disse ela. 
-Então, por que você quer acabar comigo? 
A cobra deu um suspiro e esclareceu: 
-Porque eu não suporto te ver brilhar... 
* * * 
A cada passo, na estrada humana, encontramos a sombra da inveja. 
Raramente a pessoa admite que é invejosa, embora se torture intimamente por causa desse mal. 
O invejoso se sente arder por dentro cada vez que se vê impossibilitado de ter o que os outros têm, de fazer como os outros fazem ou de ser como os outros são. 
O mais lamentável é que, por não conseguir ou não desejar se esforçar para chegar aonde o outro chegou, tudo faz para derrubá-lo. 
É comum que monte calúnias, divulgue mentiras, espalhe malquerenças. 
Tudo como se desejasse se vingar daquele cujo grande erro está em se sobressair em inteligência, em ações, em haveres materiais. 
A inveja é essa força perturbadora que enceguece o invejoso.
Tanto que ele não se apercebe de que se lutasse como os outros lutam, se trabalhasse como os outros trabalham, se estudasse como os outros estudam, por certo poderia conquistar o que é objeto da sua inveja. 
* * * 
Se nos afirmamos cristãos e desejamos nos aproximar do supremo bem, abandonemos a inveja que somente envenena as vidas humanas. 
Afastemo-nos dessa agonia que a inveja impõe. 
Aprendamos a comentar positivamente os bons feitos das pessoas. 
Cumprimentemos com honestidade os que se apresentam com qualquer virtude que ainda não conquistamos. Imitemos os bons exemplos e as providências felizes. Pensemos que ninguém é igual a ninguém. 
Cada qual é portador de possibilidades e conquistas diferentes. 
E que muitos e diversos são os desfechos nos caminhos humanos. 
Uns utilizam as mãos para acariciar e extrair melodias do teclado. 
Outros as utilizam para erradicar enfermidades, através de complicadas cirurgias. 
Uns brilham na oratória. 
Outros se servem da palavra para o consolo e a esperança.
Uns escrevem leis, outros compõem poemas. 
Alguns olham para o céu e descobrem a maravilha do universo sempre em expansão. 
Outros se detêm a explorar a intimidade dos mares, descobrindo a riqueza da vida que se renova, constantemente. 
Há diplomatas hábeis para as relações internacionais.
Também portas adentro dos lares, criaturas valorosas estabelecendo pontes de paz, para a harmonia doméstica de todos os dias. 
Aprendamos a viver contentes em toda e qualquer situação.
Redação do Momento Espírita, com base no texto A serpente e o vagalume, de autor desconhecido e no cap. 26 do livro Para uso diário, do Espírito Joanes, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. 
Em 18.11.2023.

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