quarta-feira, 6 de setembro de 2023

REENCONTROS

Foi num domingo de sol. 
Algo raro em nossa região, em pleno inverno. 
O grupo de amigos, trabalhadores todos da mesma instituição benemérita, combinamos de nos encontrar para um almoço. 
O intuito era angariar fundos para as obras de reforma da casa. 
Em verdade, o maior objetivo era nos reencontrarmos, depois de três anos, que pareceram milênios. 
Parecíamos todos saídos de um baú de lembranças. 
Eram abraços e sorrisos para todo lado. 
Crianças que ainda não conhecíamos, chegadas da Espiritualidade, um pouco antes ou durante o período epidêmico. 
Idosos a quem não víamos há algum tempo. 
Jovens, adolescentes, casais novos. Uma novidade atrás da outra. 
O dia magnífico convidava a um passeio pela maravilhosa propriedade, uma estância muito bem cuidada. 
Uma volta ao redor do lago, observação das árvores, animais felizes dentro d´água, outros passeando pela relva. 
O que mais encantava era a chegada de cada novo veículo, com seus ocupantes. 
Emoções compartilhadas, alegria. 
Enquanto assim celebrávamos esse grande reencontro de quase duzentas pessoas, pensamos em quanto tínhamos a comemorar. 
Não era somente o reencontro, o diálogo amigo, a contação das novidades (e quantas tínhamos), os abraços apertados, prolongados, como querendo arrefecer a enorme saudade... 
A grande e maior comemoração era estarmos vivos na carne.
Termos sobrevivido a uma pandemia que alcançou o mundo como jamais acontecera. 
Certo, houve outras pandemias pelos anos afora. 
Nenhuma, no entanto, que nos retivesse isolados socialmente, por um tempo que nos pareceu interminável. 
E, quando decretada a possibilidade dos reencontros, como fomos zelosos, cuidadosos. 
Saímos de nossos lares, mais ou menos como os pequenos animais saem de suas tocas, olhando em torno, desconfiados.
A sombra do terrível vírus parecia nos espreitar. 
Celebrar a vida. 
Quanta gratidão ao Pai Celeste por isso! 
Muitos sofremos o luto da partida de amores, de amigos, de conhecidos, de vizinhos. 
Eles, com certeza, deveriam estar nos espreitando da Espiritualidade. 
Mas nós celebrávamos o continuarmos na carne. 
Porque viver na Terra é oportunidade inigualável.
Oportunidade de progresso, de aprendizado, de construir amizades, de apertar laços de afeto, de estabelecer outros tantos... 
Viver é uma honra! 
E ali estávamos nós, gritando, felizes: 
-Sobrevivemos. 
E se sobrevivemos, isso se constitui mais um talento da Divindade para nós. 
O que significa maior, mais ampla responsabilidade.
Responsabilidade de bem aproveitar cada minuto que nos é oferecido para estar neste planeta. 
Responsabilidade perante nós mesmos, nossos mais próximos, perante o mundo. 
Se somos os que trazemos no coração o emblema de cristão, o dever de espalhar a mensagem aos que se nos acercam, com o exemplo de nossa vida honrada, que contribui para a melhoria do mundo. 
Poderá ser enfeitando o jardim mundial plantando uma flor.
Ou escrevendo uma página de consolo a quem sofre.
Ou providenciando o alimento a quem precisa. 
Um pequeno gesto. 
Um grande gesto. 
Contribuamos, agradecidos pela possibilidade de prosseguir a viver, neste bendito planeta. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 05.09.2023.

Nenhum comentário:

Postar um comentário