Desde o livro bíblico Eclesiastes se afirma que quem encontrou um amigo encontrou um tesouro.
Jesus chamou amigos aos apóstolos, compartilhando com eles tudo o que o Pai lhe confiara.
Ante o gesto de Maria de Betânia, exalta a manifestação pura da amizade.
Aquela amizade que vê além do superficial e oferta ao amigo o que possui de mais precioso.
Enquanto todos estavam preocupados com as regras judaicas, com se servir do melhor no banquete, ela percebeu que o Mestre se despedia.
Eram Seus derradeiros dias sobre a Terra.
O coração amigo tudo sentiu e por isso ofereceu o que tinha de mais valioso: o perfume de nardo, guardado para a sua noite de núpcias.
Quantos de nós temos amigos assim?
Amigos que veem o de que necessitamos sem que nada digamos.
Esse nos observa a repetir, seguidamente, as mesmas vestimentas e nos providencia melhores vestes.
Chegam-nos como presentes.
Aqueloutro se dá conta de que vivemos só e nos prepara uma festa surpresa, com os amigos mais íntimos, para comemorar nosso aniversário.
Outro ainda percebe a sombra da tristeza que se abate em nossas preces, quando as proferimos no grupo de estudos, os comentários quase melancólicos na explanação do Evangelho e descobre as dificuldades que nos abraçam.
Então, providencia alimentos para nosso lar, recebe-nos na Casa Espírita com um pequeno lanche, numa sacolinha discreta.
Amigos.
Quem pode viver feliz na Terra, sem eles?
* * *
Nossa memória nos remete a um fato que envolve dois amigos.
Eram um menino e uma menina. Desde os primeiros dias, ainda no jardim de infância, haviam criado esse laço afetivo.
Ano após ano seguiam nas mesmas turmas. Ambos alunos brilhantes. Em certa oportunidade, disputaram a mesma vaga, num concurso literário de grande relevância.
Haviam se esforçado muito na redação dos textos, dedicado à tarefa dias e dias de concentração e análise.
Aguardavam ansiosos pela seleção que a escola faria da produção finalista, que seria remetida à etapa estadual. Grande conquista a quem fosse escolhido!
Naquela semana, contavam as horas.
Quando, enfim, foi anunciado o resultado, a menina, que fora a vencedora, ficou imóvel e muda.
Era o que havia aguardado. Acreditava-se merecedora. Porém, a sua vitória significava a derrota do amigo.
Ele se sentiria magoado?
Foi quando o menino interrompeu o constrangimento do quadro silencioso, na condição assumida de concorrente não contemplado.
Levantou-se, foi até onde estava a vencedora, cumprimentando-a, com muita sinceridade.
Naquele olhar, ela somente viu a mais terna alegria. Era demonstração de felicidade real, pela sua vitória.
Nada além disso: nem mágoa, nem despeito, nem revolta.
Apenas o reconhecimento honesto, pela vitória momentânea de outra pessoa.
Dessa maneira, ela pôde comemorar o seu êxito.
Seguiram amigos. Outros concursos vieram.
Em alguns, ela se sagrou vencedora. Em outros, não. Mas, a partir daquela atitude de verdadeira amizade, jamais se esqueceu de que a felicidade do amigo deve nos felicitar o coração.
Redação do Momento Espírita, com base no
cap. 16, do livro 52 Lições inesquecíveis, de
Patrícia Carvalho Saraiva Mendes, ed. FEP.
Em 19.9.2023.
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