quarta-feira, 20 de setembro de 2023

A FELICIDADE DO AMIGO

Amizade é uma virtude muito louvada. 
Desde o livro bíblico Eclesiastes se afirma que quem encontrou um amigo encontrou um tesouro. 
Jesus chamou amigos aos apóstolos, compartilhando com eles tudo o que o Pai lhe confiara. 
Ante o gesto de Maria de Betânia, exalta a manifestação pura da amizade. 
Aquela amizade que vê além do superficial e oferta ao amigo o que possui de mais precioso. 
Enquanto todos estavam preocupados com as regras judaicas, com se servir do melhor no banquete, ela percebeu que o Mestre se despedia. 
Eram Seus derradeiros dias sobre a Terra. 
O coração amigo tudo sentiu e por isso ofereceu o que tinha de mais valioso: o perfume de nardo, guardado para a sua noite de núpcias. 
Quantos de nós temos amigos assim? 
Amigos que veem o de que necessitamos sem que nada digamos. 
Esse nos observa a repetir, seguidamente, as mesmas vestimentas e nos providencia melhores vestes. 
Chegam-nos como presentes. 
Aqueloutro se dá conta de que vivemos só e nos prepara uma festa surpresa, com os amigos mais íntimos, para comemorar nosso aniversário. 
Outro ainda percebe a sombra da tristeza que se abate em nossas preces, quando as proferimos no grupo de estudos, os comentários quase melancólicos na explanação do Evangelho e descobre as dificuldades que nos abraçam. 
Então, providencia alimentos para nosso lar, recebe-nos na Casa Espírita com um pequeno lanche, numa sacolinha discreta. 
Amigos. 
Quem pode viver feliz na Terra, sem eles? 
* * * 
Nossa memória nos remete a um fato que envolve dois amigos. Eram um menino e uma menina. Desde os primeiros dias, ainda no jardim de infância, haviam criado esse laço afetivo. Ano após ano seguiam nas mesmas turmas. Ambos alunos brilhantes. Em certa oportunidade, disputaram a mesma vaga, num concurso literário de grande relevância. Haviam se esforçado muito na redação dos textos, dedicado à tarefa dias e dias de concentração e análise. Aguardavam ansiosos pela seleção que a escola faria da produção finalista, que seria remetida à etapa estadual. Grande conquista a quem fosse escolhido! Naquela semana, contavam as horas. Quando, enfim, foi anunciado o resultado, a menina, que fora a vencedora, ficou imóvel e muda. Era o que havia aguardado. Acreditava-se merecedora. Porém, a sua vitória significava a derrota do amigo. Ele se sentiria magoado? Foi quando o menino interrompeu o constrangimento do quadro silencioso, na condição assumida de concorrente não contemplado. Levantou-se, foi até onde estava a vencedora, cumprimentando-a, com muita sinceridade. Naquele olhar, ela somente viu a mais terna alegria. Era demonstração de felicidade real, pela sua vitória. Nada além disso: nem mágoa, nem despeito, nem revolta. Apenas o reconhecimento honesto, pela vitória momentânea de outra pessoa. Dessa maneira, ela pôde comemorar o seu êxito. Seguiram amigos. Outros concursos vieram. Em alguns, ela se sagrou vencedora. Em outros, não. Mas, a partir daquela atitude de verdadeira amizade, jamais se esqueceu de que a felicidade do amigo deve nos felicitar o coração.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 16, do livro 52 Lições inesquecíveis, de Patrícia Carvalho Saraiva Mendes, ed. FEP. 
Em 19.9.2023.

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