quinta-feira, 29 de outubro de 2020

A FÉ DA CRIANÇA

Foi na África Central. 
No abrigo improvisado das missionárias, uma mulher entrou em trabalho de parto. 
Apesar de todos os esforços da equipe, ela não resistiu e morreu, logo após dar à luz um bebê prematuro. 
Sua filhinha de dois anos começou a chorar e não havia o que a pudesse consolar. Não havia eletricidade e, portanto, era complicado manter o bebê vivo sem uma incubadora. Ele foi colocado em uma caixa e envolto em panos de algodão. 
Bem depressa alguém foi alimentar o fogo para aquecer uma chaleira de água para a bolsa de água quente. 
Mesmo morando na linha do Equador, as noites eram, por vezes, frias e sopravam aragens traiçoeiras. Logo descobriram que a única bolsa para água quente estava rompida.  
-Que fazer? - pensou a responsável. 
Providenciou para que o bebê ficasse em segurança tão próximo quanto possível do fogo. 
À noite, para protegê-lo das lufadas de vento frio, as moças deveriam dormir entre a porta e o bebê. 
Na tarde seguinte, a missionária foi orar com as crianças do orfanato. 
Para as incentivar à oração, ela fez uma série de sugestões e lhes contou a respeito do bebê. Explicou a dificuldade em mantê-lo aquecido, sem a bolsa de água quente. Também disse que o bebê poderia morrer de frio. Mencionou ainda a irmãzinha de 2 anos que não parava de chorar a ausência da mãe. 
Então, uma menina de 10 anos se ergueu e orou em voz alta: 
-Por favor, Deus, manda-nos uma bolsa de água quente. Amanhã talvez já seja tarde, porque o bebê pode não aguentar. Por isso, manda a bolsa ainda hoje. 
-E... Deus, já que estás cuidando disso mesmo, por favor, manda junto uma boneca para a irmãzinha dele, para que saiba que também a amas de verdade. 
A missionária nem conseguiu dizer Assim seja. 
Poderia Deus fazer aquilo? 
O único jeito de Deus atender o pedido da menina seria por encomenda de sua terra natal, via correio. 
Ela lembrou que estava na África Central há 4 anos. 
Nunca havia recebido uma encomenda postal de sua casa. 
E mesmo que alguém tivesse a ideia de mandar um pacote, quem pensaria em mandar uma bolsa de água quente, para um local na linha do Equador?
Naquela tarde, um carro estacionou no portão da casa e deixou um pacote de 11 kg. na varanda. 
As crianças do orfanato rodearam o pacote. 
Quarenta olhos arregalados acompanharam a abertura. 
Eram roupas coloridas e cintilantes. 
Havia também ataduras, caixinhas de passas de uva e farinha. 
E, bem no fundo, uma bolsa de água quente, novinha em folha. 
Rute, a garota que pedira a bolsa, na prece, gritou: 
-Se Deus mandou a bolsa, mandou também a boneca. Será? 
E lá estava ela. Linda e maravilhosamente vestida. Olhando para a missionária, Rute perguntou: 
-Posso ir junto levar a boneca para aquela menina, para que ela saiba que Deus a ama muito? 
O pacote fora enviado há 5 meses, por iniciativa de uma ex-professora da missionária, que resolveu enviar uma bolsa de água quente, sem mesmo saber porquê. 
Uma das suas auxiliares, ao fechar o pacote, decidiu mandar uma boneca. 
Tudo isso, cinco meses antes, em resposta a uma oração de uma menina de 10 anos que acreditou, fielmente, que Deus atenderia a sua oração, ainda naquela tarde.  
E há quem duvide que Deus é onipresente e onisciente! 
Redação do Momento Espírita com base em texto de autoria ignorada, tradução do Rev. Oscar Lehenbauer e adaptado por Áureo Pinto. 
Em 22.12.2009.

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