quinta-feira, 1 de outubro de 2020

A FASCINAÇÃO DOS NÚMEROS

Saint-Exupéry e o Pequeno Príncipe
O inesquecível personagem de Saint-Exupéry, o Pequeno Príncipe, trouxe inúmeros pensamentos sábios ao mundo. 
Uma de suas constatações nos diz que as pessoas grandes adoram números. 
-“Quando a gente fala de um novo amigo, elas nunca se interessam em saber como ele realmente é.” – afirma ele. 
-“Não perguntam: Qual é o som da sua voz? Quais são seus brinquedos preferidos? Ele coleciona borboletas? Mas sempre perguntam: Qual é a sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa?Quanto o pai dele ganha? Só então elas acham que o conhecem.” – termina ele por dizer.
Exupéry nos convida a redescobrimos o que há de bom na infância, a redescobrir a pureza, a essência das coisas e da vida. E quando nos fala, de forma até inocente, sobre as pessoas e os números, nos alerta para algo muito grave: viciamo-nos em números. 
Associamos o tempo sempre a números. Esquecemos que os numerais atribuídos à medição do tempo são convenções, e nos escravizamos a elas. 
Muito tempo; pouco tempo; não vai dar tempo; tempo de sobra. 60 segundos; 60 minutos; 24 horas; 365 dias – são números que parecem nos perseguir. 
Vivem em nossos sonhos, pesadelos e em nossas urgências maiores.
Esquecemos que o tempo é oportunidade, é sucessão de experiências e de fatos, e que deve ser aproveitado ao máximo, tendo em vista nosso crescimento espiritual. 15 anos de vida; 30 anos; quarentões; sessentões; terceira idade – são todos rótulos que criamos no mundo, e que, na verdade, não correspondem à idade verdadeira, à idade da alma. 
A idade da alma está associada não ao tempo dos números, mas à disposição, ao humor, ao ânimo, à coragem. 
Encantamo-nos ao ver relatos de pessoas que depois dos 90 anos vão aprender a ler, e dizem-se realizadas, sentindo-se mais jovens do que nunca! 
Não é força de expressão! Elas são jovens mesmo. 
A idade do corpo pode ser disfarçada, maquiada. 
A da alma, nunca. 
Como avaliar, julgar alguém, pelo número de dígitos em sua folha de pagamento? 
Pelas roupas que pode comprar; pelas viagens que pode fazer; pelo ano de seu automóvel? 
Dizendo assim, parece absurdo, exagero, mas é a forma de muitos procederem no que diz respeito aos números e aos julgamentos que fazemos. Muitos têm números como objetivos: números na balança; números das loterias; número de clientes; números de metas de vendas, etc. 
Ainda não descobriram que o mundo verdadeiro não é feito de numerais, que os objetivos maiores da vida, as aquisições de maior valor, nunca poderão ser mensuradas desta forma. 
É tempo de conhecer os outros e a nós mesmos pelo que somos, e não por tudo aquilo que os números podem contar. 
Números nunca poderão medir felicidade. 
Números nunca poderão mensurar alegria. 
Nunca poderão ponderar o amor. 
 * * * 
Mas se neste mundo ainda não pudermos escapar dos números, pensemos nestes: 
Quantos sorrisos damos ao dia? 
Há quanto tempo não dizemos que amamos alguém? 
Não este “Eu te amo” de novela, mas aquele dito e sentido por todas as partes da alma. 
Quantos segundos dura seu abraço? 
Qual a data que você escolheu para abandonar um vício, para se libertar de algo que o escraviza? 
Quantos dias faltam para você começar a ser feliz? 
Texto da Redação do Momento Espírita com base em citação da obra O pequeno príncipe, do livro Felicidade, amor e amizade – a sabedoria de Antoine de Saint-Exupéry, ed. Sextante. 

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