domingo, 27 de setembro de 2020

O FAROL

RAUL TEIXEIRA
Em meio ao mar, surge a construção de pedras, solene. 
É um farol, destinado a orientar o rumo dos viajores, nas noites escuras.
Quem quer que viaje em alto mar se sente seguro quando, em meio à escuridão, vê surgir o farol. Ele está lá para servir, para advertir, para salvar. A sua luz se projeta a distâncias enormes e, espancando a escuridão, permite que os que navegam possam perceber a proximidade dos recifes, os perigos imersos na noite. O mar investe contra ele, noite e dia. Lança sobre ele as suas ondas, com furor. Vagas enormes lambem as pedras que se erguem, majestosas. No fluxo e refluxo das ondas, o farol continua a iluminar, imperturbável. Seu objetivo é servir. Noite após noite, ele estende a sua luz. Não se incomoda com os continuados e perigosos golpes que o mar lhe desfere. Se, em algumas noites, ninguém se aproxima, desejando a sua orientação, também não se perturba. Solitário, ele lança sua luminosidade, sem se preocupar com o isolamento. Ele continua a postos para qualquer eventualidade, quando a necessidade surja, quando alguém precise dele. 
 * * * 
No mar das experiências em que nos encontramos, aprendamos a trabalhar e cooperar, sem desânimo. 
Permaneçamos sempre a postos, prontos a estender as mãos a quem necessite. 
Poderá ser um amigo, um irmão ou simplesmente alguém a quem nunca vimos. 
Com certeza não solucionaremos todos os problemas do mundo. No entanto, podemos contribuir para que isso aconteça. 
Se não podemos impedir a guerra, temos recursos para evitar as discussões perturbadoras que nos alcançam. 
Se não conseguimos alimentar a multidão esfaimada, podemos oferecer o pão generoso para alguém. 
Se não dispomos de saúde para doar aos enfermos, podemos socorrer alguém que sofre dores, oferecendo a medicação devida. Talvez possamos ser o intermediário entre o doente e o hospital, facilitando-lhe o internamento. 
Se não podemos resolver a questão do analfabetismo, podemos criar condições propícias para que alguém tenha acesso à escola. Mais do que isso. Podemos nos interessar pelos filhos dos que nos servem, buscando saber se não lhes faltam cadernos e livros, para a continuidade dos estudos básicos. 
Enfim, o importante é continuarmos a fazer a nossa parte, contribuindo com a claridade que possamos projetar, por mínima que seja.
Imitemos o farol em pleno mar. 
Aprendamos a fazer luz. 
 * * * 
A maior glória da alma que deseja ser feliz é transformar-se em luz na estrada de alguém. O raio de luz penetra a furna, levando claridade. Estende-se sobre o vale sombrio e desata o verdor da paisagem. Atinge a gota d'água e a transforma em um diamante finíssimo. Viaja pelo ar e aquece as vidas. Como a luz, podemos desfazer sombras nos corações e drenar pântanos nas almas. 
Podemos refazer esperanças e projetar alegrias. 
Enfim, como raios de luz espalhemos brilho e calor, beleza, harmonia e segurança. 
Redação do Momento Espírita, com base nos caps. 19 e 20, do livro Rosângela, pelo Espírito homônimo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter e no cap. CLVI, do livro Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

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