sexta-feira, 26 de junho de 2020

O ÊXITO DA EDUCAÇÃO

Grávida de sete meses, Luciana pediu ao marido que pintasse o quartinho do bebê. Afinal, ele logo chegaria. Sem muita disposição, Álvaro se armou de coragem, tinta, rolo e pincel. Resolveu chamar a filha. Quando não se deseja fazer alguma coisa, qualquer ajuda é bem vinda. Mesmo que seja de uma esperta garotinha de apenas sete anos. Ele deu o rolo para a menina, que começou a pintar e a conversar: 
-Pai, eu gosto desse negócio de pintar. Eu sou libriana, sabe... Os librianos são das artes! Eu gosto dessas coisas de desenho, de pintura, de pintar parede. 
-É, filha? 
E, enquanto ia passando o rolo pela parede, veio a segunda pergunta:
-Você não gosta de pintar, né, pai? 
-Não, não gosto. 
Respondeu Álvaro, bem rapidinho. Foi então que a pérola do dia apareceu. A menina já ouvira a mãe falar que o pai era do signo de leão. E, por isso, largou a sua explicação, fruto de grande observação: 
-Pois é, pai. É que leão não tem dedo polegar! 
O pai mal pôde se conter para não dizer: 
-Como é que é? 
Pois é: Marina observara, em gravuras, em documentários e no próprio zoológico, como era a pata do leão e, de imediato, fez a associação. Só mesmo uma cabecinha de sete anos poderia fazer tal ginástica mental, mesclando zoologia e astrologia, para dar uma explicação ao pai da sua quase aversão à pintura. Com certeza, nunca ninguém ousou pensar o quão penoso seria para o leão segurar um rolo de pintura. Mas Marina pensou. 
* * * 
Assim são as crianças. Essencialmente observadoras. Por isso mesmo, é que a educação, nesse período, é de vital importância. Contudo, muito mais do que ouvir o que se lhes diz, as crianças são impressionadas pela forma de agir dos que as cercam. Quando pensamos que estão alheias a tudo, elas nos estão observando, medindo nossas palavras e nossos atos. É de nos indagarmos: Temos tido coerência entre palavras e ação? Ou ainda somos daqueles que seguem o lema: 
-Faça o que eu digo e não faça o que eu faço? 
Esse é o essencial motivo pelo qual a nossa educação não alcança o êxito que aguardamos: não somos bons exemplos. Avançamos o sinal vermelho, desde que não haja guarda na esquina. Transitamos bem devagar ao passar em frente ao posto policial para, logo adiante, abusar da velocidade, dirigindo acima da permitida e aconselhável. Vangloriamo-nos porque alguém nos deu troco a mais, equivocando-se; porque pagamos por uma mercadoria e foram colocadas duas no pacote; porque substituímos a etiqueta de um produto mais caro pela de outro mais barato. Alardeamos o que conseguimos, em vantagens, aqui e ali, graças à nossa esperteza. E mentimos, sem corar, a respeito das qualidades do carro que estamos vendendo: nunca informamos que estamos nos desvencilhando dele porque o motor está prestes a fundir, os freios estão ruins. Entretanto, as crianças nos observam. Essas mesmas a quem pregamos honestidade, dignidade, correção, sinceridade. Pensemos nisso: além da Divindade, a quem nada é oculto, temos olhos atentos sobre nós: nossos filhos, Espíritos que Deus confiou aos nossos cuidados e que de nós aguardam os melhores exemplos. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por Luciana Costa Macedo. 
Em 10.2.2014.

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