sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

UM MAU A MENOS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
É bastante comum falar-se do mal que existe na Terra.
Sobretudo nestes tempos, em que a mídia tem sido farta em notícias aterradoras, as pessoas se têm indagado o que será do futuro. 
A carga de maldade parece crescer, de forma assustadora. 
A cada momento, novas notícias se somam às anteriores, portadoras de intranquilidade. 
Os jornais se esmeram em colocar manchetes que falam de escândalos, corrupção, hábitos infelizes. 
A televisão mostra as imagens de tragédias familiares, sociais e políticas. 
O homem parece mesmo ter se tornado lobo de seu irmão.
Pensando nesse panorama de ansiedade e medo que assola o mundo, um jovem discípulo procurou seu mestre.
Encontrou-o em estudo e quebrou o silêncio, indagando:
-Senhor, vejo a Humanidade infeliz. A perversidade campeia e a agressividade toma conta das criaturas. Em toda parte vejo as sementes do ódio invadirem os canteiros do mundo, a inveja tomar conta dos jardins e a perseguição gratuita avançar, sem limites. Vejo as pessoas se digladiarem e somente encontro sombras onde esperava descobrir a luz. Como poderei contribuir para tornar o mundo melhor? O que devo fazer? 
Porque o mestre permanecesse em silêncio, o aprendiz voltou à carga, precipitado, em nova leva de perguntas: 
-Vejo o mal avançar a cada dia assenhoreando-se de mais terreno. Gostaria de extirpá-lo da Terra em definitivo. Desejaria acabar com a miséria e o sofrimento. Contudo, sinto-me sem recursos. Que poderei fazer em favor dos infelizes e perversos? 
O sábio, tomado de compaixão pelo jovem candidato à transformação do planeta, respondeu com serenidade: 
-Filho, mudar as condições da Terra e dos seus habitantes, de um só golpe, é tarefa impossível. No entanto, se te encontras realmente interessado em contribuir em favor da Humanidade, eis a fórmula: Realiza a viagem ao interior de ti mesmo. Faze-te gentil com os que cruzem teus caminhos. Sê melhor com todos os que tomem contato contigo. Ilumina-te, enfim, a partir deste momento. Com isso, guarda a certeza de que existirá um perverso e um ignorante a menos no mundo. 
* * * 
Normalmente agimos como o jovem discípulo.
Desejamos que a Terra se transforme em um oásis de paz e alegrias. 
Pensamos em anular o mal de fora, dos outros. 
E esquecemos de adentrar nossa intimidade, iniciando a grande reforma do mundo a partir de nós mesmos. 
Se nos tornarmos bons, seremos um mau a menos. 
Se nos tornarmos iluminados, seremos uma luz a mais a clarear a paisagem. 
Se realizarmos o bem, a migalha da nossa atuação se fará presença benfazeja onde estivermos. 
A dor que acalmarmos arrefecerá a economia da dor mundial.
A aflição que aplacarmos será diminuída do rol geral de aflições. 
Enfim, o movimento positivo que empreendermos reagirá no cômputo geral, modificando a panorâmica da Terra em que nos situamos.
* * * 
Uma gota d'água não resolve o problema da terra ressequida, mas é o anúncio da chuva generosa que logo mais se precipitará. 
Ante a aparência do sol, uma pequena nuvem que se apresente constitui alívio ao viajor cansado, tanto quanto a sombra de uma árvore o aliviará da canícula que o maltrata.
Uma ação isolada pode parecer de nenhuma valia. 
Contudo, é sempre o desencadear de uma reação em cadeia, beneficiando muitas almas. 
Pense nisso e comece hoje a mudar o Mundo. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 8 do livro A busca da perfeição, pelo Espírito Eros, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. EBM. 
Em 30.11.2009.

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