domingo, 8 de dezembro de 2024

MATERNIDADE ABENÇOADA

AMÉLIA RODRIGUES(Espírito)
Afirma o Apóstolo João, em seu Evangelho que, se todas as coisas feitas pelo Mestre Jesus fossem escritas, o mundo não comportaria o número de livros. 
A vida de Jesus foi intensa de obras. 
É o Espírito Amélia Rodrigues que nos conta que, certa vez, após as pregações do dia, tendo a multidão se dispersado, o Rabi se afastou para uma parte solitária da praia e mergulhou em profundo cismar. 
Durante aquele dia, as criaturas atendidas que nEle haviam encontrado diretriz, trouxeram novos candidatos ao Amigo Divino, que a todos atendera. 
As ondas morriam na areia, quase em sussurro, não desejando interromper o silêncio que se tornara moldura viva na qual a figura do Mestre se destacava, irradiando claridade. Foi então que dEle se acercou uma mulher. 
Desculpou-se por perturbá-lO e Lhe falou do seu drama. Tinha sede de amor, e não lograra a honra de fruir o amor. 
Há muitos anos tivera os seus sentimentos de mulher dilapidados e, desde então, procurava a paz, que parecia dela fugir. 
-Que fazer, perguntava, para viver a felicidade? 
O Mestre perpassou o olhar pela paisagem e lhe falou:
-Observa a terra arrebentando-se em flores, frutos e verdor, o rio cantante, enriquecendo as margens de vida, os astros fulgurando ao longe. Em tudo, a ordem, o amor, a transparência da misericórdia do Pai, ensinando equilíbrio e vida. Em tudo vige a Sabedoria do Criador. Assim, não relaciones dores, nem mágoas. Levanta o olhar e avança para o futuro. 
-Senhor, prosseguiu a mulher, entendo a grandeza Divina na Criação. No entanto, eu me equivoquei e do meu equívoco me nasceu um filho. Ele é meu motivo de inquietação e desespero. 
Mais doce que nunca, Jesus lhe respondeu: 
-A mulher é sempre mãe. A relva que cresce sobre os escombros oculta as suas deformidades e disfarça as suas imperfeições. Quando a mulher é abençoada por Deus, pela maternidade, um filho é sempre uma estrela engastada na carne, com a oportunidade de espalhar claridade pelo caminho. Enquanto houver, na Terra, crianças e mães, o Amor Divino estará cantando esperanças para a Humanidade. Não existe filho do equívoco, do delito ou do pecado. Todos eles são dádivas da Vida para a vida. Esquece as circunstâncias em que te chegou o anjo que te bate à porta do sentimento. Levanta-te com ele, avançando no rumo das estrelas. 
A mulher, emocionada, procurou os olhos de Jesus, por entre a nuvem de lágrimas que encobria sua visão. 
Levantou-se com uma discreta reverência, e preparou-se para partir. 
Ela não saberia dizer se O ouviu falar ou se O escutou no imo d’alma. 
-Vai filha, e ama. 
* * * 
A maternidade é a mais elevada concessão de nosso Pai, demonstrando que o mal jamais triunfará no mundo. 
Porque, enquanto houver um coração de mãe, um sentimento maternal, na Terra, o amor ateará o fogo purificador e a esperança de felicidade jamais se apagará. 
* * * 
Dizem que mãe não tem limite. 
É como tempo sem hora, luz que não se apaga quando sopra o vento ou a chuva desaba. 
É veludo escondido na pele enrugada. 
É água pura, ar puro, puro pensamento. 
Um poeta ousou dizer que a palavra é pequenina, mas mãe é do tamanho do céu e apenas menor que Deus! 
Redação do Momento Espírita, com base no versículo 25, do cap. 21 do Evangelho de João; no cap. 5 do livro Há flores no caminho, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL; no poema Mãe, de Mário Quintana e no poema Para sempre, de Carlos Drumond de Andrade. Disponível no CD Momento Espírita, v. 18, ed. FEP.
Em 22.7.2013.

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