sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

FIDELIDADE A JESUS

Wallace Leal Rodrigues
Houve, em tempos passados, uma localidade denominada Sebastes. 
Situava-se entre a Judeia e a Síria. 
Foi ali que quarenta legionários da Décima Segunda Legião Romana deram sua vida por amor à verdade. 
Presos por professarem o Cristianismo, os quarenta jovens marcharam saindo da cidade, escoltados por outros tantos soldados. 
À frente se desenhava o lago de águas tristes e frias. 
O sol se afundava na direção do poente e o vento soprava gelado. 
Os tambores soavam, ditando o ritmo da marcha. 
E os prisioneiros foram entrando no lago. 
Um passo, dois, três, dez, vinte. 
Os pés foram agitando a água e eles entrando mais e mais.
Só ficaram as cabeças descobertas fora d’água. 
Os superiores haviam lhes decretado uma terrível forma de morrer. 
Ali parados, impassíveis e silenciosos, iriam morrer enregelados. 
As luzes do crepúsculo se envolveram num manto dourado e se retiraram, deixando que a noite se apresentasse com seu cortejo de estrelas. 
Ao redor do lago, nas margens, familiares e amigos oravam silenciosos. 
E silenciosos permaneciam os jovens dentro d’água. 
Então, em nome de César, falou um oficial. 
Eles eram jovens e, levando em conta a sua inexperiência, seriam perdoados se jurassem fidelidade aos deuses protetores do Império. 
Era tudo muito simples. 
Bastaria queimar algumas ervas, perante o improvisado altar a Júpiter Olímpico, na outra margem. 
Dentro do lago, nem um mínimo movimento. 
O ar foi se fazendo mais frio e uma névoa começou a se erguer das águas. 
Os guardas acendiam fogueiras nas margens, batiam as mãos, andavam para se aquecer. 
Mas os quarenta legionários permaneciam imóveis. 
Então, eles começaram a cantar e mais forte do que o vento, o hino se ergueu como um grito vitorioso. 
Era como uma cascata de esperanças feita de fé, ternura e renúncia. 
Um a um, no transcorrer das horas, aquelas chamas foram se apagando na Terra, para tremeluzirem na Espiritualidade. Quando nasceu o dia, somente um vivia. 
Um guarda se aproximou de uma mulher e lhe disse que seu filho vivia. 
Como ele vivera até então, teria sua vida poupada. 
Que ela o retirasse das águas e, em nome dele, oferecesse sacrifício aos deuses romanos. 
Nunca. 
Foi a resposta dela. 
-Se ele consciente não o fez, como poderia me aproveitar da sua agonia para traí-lo? 
Firmemente, avançou para as águas e ali esteve com o filho até que o coração dele parasse de bater. 
Depois, apertando-o firmemente nos braços, tomou o seu corpo e o veio depositar aos pés do oficial da guarda. 
* * * 
Há mais de dois mil anos, na Judeia, um homem amou e morreu por muito amar. 
A maravilhosa fé que soube despertar teve o poder de modificar vidas. 
A Sua voz convidava para viver a verdadeira vida, a vida que se desdobra para além da morte. 
Dentre os Seus ensinos, lembramos: 
-Quem perseverar até o fim, este será salvo. Quem crer em mim, mesmo morto viverá. 
A Sua mensagem atravessou os séculos e permanece viva até hoje, estabelecendo diretrizes seguras aos Seus seguidores. 
A Sua é a mensagem do amor, da fé, da fidelidade até o fim.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXVIII, do livro A esquina de pedra, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O Clarim. 
Em 13.12.2024.

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