quarta-feira, 26 de junho de 2024

O MAESTRO

A postura de um maestro, geralmente, é a do corpo ereto, com a coluna alinhada e os ombros encaixados. 
Os braços acima da cintura e levemente arqueados, numa posição confortável e flexível para a realização dos gestos. 
Os movimentos da mão direita orientam os instrumentistas quanto ao compasso e à velocidade de execução, fundamentais para garantir a coesão da orquestra. 
A mão direita é a da batuta, a vareta ou bastão utilizado pelo maestro.
Quando ela se move para cima, sinaliza aos músicos que o início de um compasso está próximo. 
O movimento também assinala o caráter do som, deixando-o, por exemplo, mais agitado, expressivo ou suave. 
Para isso, ela pode desenhar arcos pequenos ou amplos, de maneira suave ou agitada. 
Por sua vez, a mão esquerda se movimenta para complementar a orientação rítmica da direita. 
Ela sinaliza para cada família de instrumentos, as entradas e cortes.
Fechar a mão esquerda diz para os músicos pararem suavemente a execução. 
Movimentá-la, de forma rápida, demanda um corte brusco.
A técnica de regência é mais ou menos assim. 
Para quem assiste, um espetáculo ímpar observar o maestro. 
Ele chega ao palco, saúda o público, que o aplaude. 
Então, se volta para a orquestra e começa a magia. 
Com sua varinha mágica, ele comanda a apresentação. 
Seu corpo se move ao ritmo dos compassos. 
Ele meneia a cabeça. 
Seus pés, por vezes, se erguem, parecendo querer deixar o chão, como se fosse um bailarino desejando voar. 
Ele marca o ritmo, comanda a entrada dos instrumentos, cada qual no seu tempo certo, numa total harmonia. 
Então, move o corpo com delicadeza, como quem estivesse dançando com sua amada. 
A mão esquerda balança, como num gesto de enlace. 
A face dele parece em êxtase. 
A batuta desce e sobe, delicada. 
São os violinos que entram, suavemente, numa melodia quase inaudível. 
Depois, os instrumentos de sopro, vibrantes, a percussão... 
E ele prossegue, no comando frenético... 
Ou suave... 
Os músicos lhe seguem as instruções, num único objetivo: traduzir, com fidelidade, a inspiração dos compositores cujas peças executam.
Um violino geme sozinho, como numa manhã que deseja despertar, ante as carícias do sol. 
E há um diálogo entre o maestro e o primeiro violino. 
Logo mais, numa cadência romântica, a batuta convoca todos os instrumentos. 
Quando se assiste a um concerto não se sabe o que mais admirar: a performance desse comandante, a execução de cada músico, a melodia que nos envolve. 
Em certo momento, ele se volta para o público e a batuta comanda o bater das palmas, no ritmo certo. 
Os presentes aderem, entusiasmados, sorrindo. 
Fazemos parte do espetáculo. 
Compomos uma unidade: público, músicos, maestro. 
* * * 
Como seria extraordinário se assim procedêssemos em termos de Humanidade. 
Nosso Maestro se chama Jesus. 
Sua batuta é o Evangelho que derrama amor enquanto se ergue, vibrante, ou desce, delicada, comandando: 
-Ama... Ama... 
No meio da balbúrdia, o comando enérgico: ]
-Persevera. 
Em meio às calúnias, estabelece: 
-Adiante. 
E, no todo, repete e repete o mesmo compasso: 
-Perdoa... 
Redação do Momento Espírita 
Em 6.12.2022.

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