sábado, 29 de junho de 2024

FAZENDO AS MALAS

Quando uma longa viagem surge na vida de alguém, várias são as providências a tomar. 
O indivíduo começa um planejamento de longo prazo, com calma e tranquilidade, para tudo poder executar a tempo. 
Aos poucos vai se inteirando das informações do país em que irá morar. 
Busca conhecer seus aspectos culturais, o clima, a alimentação, os hábitos locais. 
E, antes de partir, aos poucos vai se desfazendo das coisas de menor importância, doando alguns pertences, passando a frente outros objetos, descartando as coisas inúteis que no tempo foi guardando.
Pondera o que efetivamente lhe é de grande valia para poder carregar consigo. 
Repensa em como irá conduzir a vida, a partir de uma nova morada.
E aquilata as novas experiências que lhe serão possibilitadas com a viagem. 
Como sabe que os anos no exílio lhe serão longos, despede-se dos amigos, não desesperadamente, mas com lágrimas de até breve. 
Dá à família as instruções necessárias para sua ausência, para que tudo corra de maneira adequada e para que sua falta não lhes seja um grande fardo. 
E assim se vai preparando, para que o dia da viagem não lhe chegue de forma súbita e inesperada, encontrando-o com a mala por fazer e com os preparativos ainda por se concluírem. 
* * * 
Assim se dá com nosso regresso ao mundo espiritual. 
É a viagem inevitável que todos faremos de retorno à nossa pátria, deixando a Terra que nos é escola bendita e redentora. 
Como a viagem está marcada para todos e apenas desconhecemos a data da partida, que possamos aos poucos avaliar como estamos, caso logo mais sejamos convidados a voltar para casa. 
Será que nos despediremos de nossos entes queridos com a tranquilidade de quem sabe que irá reencontrá-los um dia? 
Será que já nos desfizemos do peso desnecessário e improdutivo que carregamos em nosso coração? 
Afinal, ele será a única mala que carregaremos. 
Será que já nos desapegamos das coisas daqui, que hoje, por mais importantes que sejam, logo mais não terão serventia, quando partirmos? 
Não poucos a morte do corpo físico arrebata de maneira despreparada e surpreendente. 
Vivem como se a vida física fosse a de eternidade, sem refletir em momento algum sobre a fragilidade da existência humana, esquecendo-se que imortal é a alma, porém jamais o corpo. 
Desta forma, útil será que todos possamos, vez ou outra, refletir sobre a vida e seus valores. 
Saber que ela vai muito além dos limites do corpo físico faz com que cada um de nós, aos poucos, vá arrumando as malas para a inexorável viagem de volta a casa. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 11, ed. FEP. 
Em 29.6.2024

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