domingo, 16 de junho de 2024

MÃES DO SILÊNCIO

Em Belém, a noite clareava-se pela conta infinita de estrelas que pairava no firmamento. 
Eles procuravam por um quarto simples em uma hospedaria, no qual pudessem passar a noite. 
Mas faltavam vagas. 
Um nobre senhorio, tomado de compaixão pela senhora que se encontrava em estágio final de gestação, ofereceu-lhes sua estrebaria, de modo que, ao menos, não dormissem ao relento. 
Agradecido, o casal acomodou-se sobre o feno destinado à alimentação dos animais. 
Naquela mesma noite, a jovem deu à luz um menino, cujo nome já havia sido escolhido: Yeshua, do original hebraico ou Jesus, na tradução latina. 
O casal, José e Maria, O contemplavam.
Seus pequenos olhos, Suas mãos frágeis, os movimentos de Seu diminuto corpo. 
Após ligeiro descanso, Maria tomou o menino ao colo e, amamentando-O, sentiu seu coração de mãe ficar apertado. 
Ela sabia da grandiosa missão de seu pequeno, da imensa responsabilidade dEle para com toda a Humanidade. 
Trinta anos se passaram. 
Então, seguido por doze apóstolos, Jesus iniciou Sua vida pública, trazendo à Humanidade a lei magna do Universo: a lei do amor. 
Em oposição ao olho por olho, dente por dente, ofereceu o perdão, o amor ao próximo, a caridade e a humildade. 
Por vezes, foi criticado, atacado e, até mesmo, posto à prova, por conta de Suas ideias revolucionárias. 
Manteve-se sempre na postura de quem serve, de quem se doa. 
O ponto culminante foi quando, diante da autoridade romana, foi-lhe destinado o madeiro da cruz. 
Inocente de toda culpa, foi crucificado por não agradar aos interesses da classe dominante da época.
Por trás de toda Sua missão e Sua via crucis, esteve a figura de Maria. 
Seu coração de mãe sofreu todos os amargurantes momentos que culminaram na crucificação de seu filho. 
Silenciosa e humilde, ela legou à Humanidade um grande exemplo de resignação. 
* * * 
Em toda mãe, há um traço de Maria. 
São mães que se desesperam diante de um filho dependente químico. Mães que dormem em frente aos presídios, esperando o horário das visitas. 
Mães cujos corações se desfazem em saudades do filho que retornou à pátria espiritual. 
Mães que se abstêm de horas preciosas de sono a velar o recém-nascido, um filho doente. 
Ou preocupadas com o filho adolescente que demora no retorno para casa. 
Mães que, no silêncio de seus atos, amam sem interesse, que se oferecem em sacríficio, se necessário for, pelo bem-estar dos seus.
Mães que, a exemplo de Maria, sabem servir, se doar, se calar, sabem ouvir. 
Mães que sempre possuem a palavra precisa, na hora certa e da maneira correta. 
Mães que, mesmo do outro plano da vida, continuam a zelar e a interceder a Deus pelo filho de seu coração. 
Mães que fazem do mundo um lugar melhor, embelezando-o com seus gestos de puro amor. 
Discretas, singelas. 
Mães do silêncio. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 11.5.2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário