segunda-feira, 3 de junho de 2024

ODE À ALEGRIA

Ludwig Van Beethoven
Era o dia 7 de maio de 1824. 
Os privilegiados espectadores sentados na plateia do Teatro em Viena, então capital do Império Austro-Húngaro, mal sabiam que estavam para presenciar a primeira audição mundial da maior obra-prima da História da música. 
Ainda que o autor já fosse uma celebridade, recebido naquele mesmo dia com uma ovação digna das plateias de música pop de hoje, a reação foi surpreendente. 
O comissário de polícia precisou intervir, para silenciar a explosão de aplausos na chegada do alemão Ludwig Van Beethoven. 
Era o dia da primeira apresentação de sua Nona Sinfonia. 
Após as palmas, um grande estranhamento. 
Até então, a sinfonia – forma musical para orquestra consagrada durante o classicismo – excluía por definição as vozes humanas.
No entanto, no palco sentavam-se quatro solistas e um coral em quatro partes. 
Para aumentar a perplexidade, enquanto todos os outros instrumentos desenrolavam movimentos que superavam a racionalidade clássica, permaneciam em silêncio o coral e os solistas. 
Eles entrariam apenas no quarto e último movimento. 
Beethoven, três anos antes de sua morte, ali realizava uma vontade que alimentava desde os vinte e dois anos de idade: musicar o poema alemão Ode à alegria, de Schiller
E era o que fazia no derradeiro movimento da obra, quebrando a última barreira do modelo sinfônico. 
-Oh, amigos, não chega desses sons? Entoemos algo mais prazeroso e alegre! – Vibrou o barítono em recitativo. 
Os baixos do coro responderam-lhe forte: 
-Alegria, alegria! – para que, com a orquestra silenciada, começassem a solar um dos temas mais conhecidos da música ocidental. 
O tema proclamava: 
-Todos os homens serão irmãos. 
Era o poema da fraternidade universal, musicado pela genialidade e sensibilidade irretocáveis de Ludwig. 
-Abracem-se milhões! Enviem este beijo para todo mundo! 
* * * 
A arte é o belo expressando o bom. 
É a expressão da beleza eterna, uma manifestação da poderosa harmonia que rege o Universo. 
Convidar a arte para nossa vida diária é ter à disposição excelente instrumento de civilização e aperfeiçoamento. 
A influência da música sobre a alma, sobre o seu progresso moral, é reconhecida por todo o mundo. 
Mas a razão dessa influência é geralmente ignorada. 
Sua razão está inteiramente neste fato: a harmonia coloca a alma sob a força de um sentimento que a desmaterializa. 
Redação do Momento Espírita, com citações do cap. A música espírita, do livro Obras póstumas, de Allan Kardec, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita, v. 16 e no livro Momento Espírita, v.9, ed. FEP. 
Em 03.06.2024.

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