sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

ESTOU PRONTO AGORA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
O capitão de um navio que ia zarpar, dirigia-se apressado para o porto. Estava muito frio. Diante da vitrine de um restaurante, ele viu um menino quase maltrapilho, de bracinhos cruzados e meio trêmulo. 
-Que está fazendo aí, meu pequeno? – Disse-lhe o capitão.
-Estou só olhando quanta coisa gostosa existe para se comer. Além do que, deve estar bem quentinho aí dentro. 
-Tenho bem pouco tempo antes da partida do navio. Se você estivesse arrumadinho, eu o levaria a esse restaurante para que comesse algumas dessas coisas boas e saborosas. Mas, infelizmente, não está... – Falou o capitão. 
O garoto, faminto e com os olhos rasos d’agua, passou a mãozinha magra sobre os cabelos em desalinho e falou: 
-Estou pronto, agora! 
Comovido, o capitão o levou para o restaurante, fazendo-lhe servir uma boa refeição. E, enquanto o garoto comia, perguntou-lhe: 
-Diga-me uma coisa: onde está a sua mãe, meu pequeno? 
-Ela foi para o céu quando eu tinha apenas quatro anos de idade. 
-E você ficou só com seu pai? Onde ele está? Onde trabalha?
-Nunca mais vi meu pai, desde que minha mãe morreu. 
-Mas, então, tornou a perguntar o capitão, quem toma conta de você? 
Com um jeitinho resignado, o menino respondeu: 
-Quando minha mãe estava doente, ela disse que Deus tomaria conta de mim. Ela ainda me ensinou a pedir isso todos os dias a Ele. 
O capitão ficou cheio de compaixão e acrescentou: 
-Se você estivesse limpo e arrumadinho eu o levaria para o navio e cuidaria de você com muita alegria. 
O menino pôs-se de pé, rápido, alisou os cabelinhos sujos e mal cuidados e voltou a repetir a mesma expressão: 
-Capitão, estou pronto, agora. 
Vendo-o assim quase suplicante, aquele capitão o levou para o navio, onde o apresentou aos marinheiros e imediatos, dizendo: 
-Ele será meu ajudante e será sempre chamado de “Pronto, agora”. 
Ali o garoto recebeu tudo o que carecia e as coisas transcorriam, aparentemente bem, até que um dia ele amanheceu febril. Foi medicado, mas a febre não cedia. Vendo-o piorar, o capitão aflito disse ao médico: 
-Procure salvá-lo, doutor. Não quero ficar sem ele. 
O médico fez tudo o que pôde, mas em vão. Na tarde seguinte, o menino, chamando o capitão, lhe falou: 
-O senhor foi muito bom para mim. Eu o amo muito e gostei de estar aqui, mas agora vou ao encontro de minha mãe. O senhor está pronto, agora, para aceitar que eu vá? Porque minha mãe está me dizendo que enquanto o senhor não estiver pronto, eu não me libertarei. 
Com lágrimas nos olhos, o capitão, tomando as mãos do menino, disse: 
-Filho, estou pronto, agora! 
O garoto cerrou os olhos, suspirou e seu Espírito abandonou o corpo enfermiço, indo ao encontro de sua mãe. 
* * * 
Abre-te ao amor e ao bem, onde estejas e com quem te encontres. Aprende a entesourar bênçãos na dificuldade, como se colhesses lírios no pântano. Cumpre os teus compromissos, mesmo aqueles que te pareçam mais aflitivos, com a alegria de quem se liberta. Dessa forma estarás sempre pronto para a vitória, as conquistas maiores e a felicidade que te aguarda.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Estou pronto, agora, publicado no Mensário Espírita O Sol Nascente, de junho de 2001, e no cap. 14, do livro Sob a proteção de Deus, por diversos Espíritos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 18.4.2018.

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