DIVALDO PEREIRA FRANCO |
O capitão de um navio que ia zarpar, dirigia-se apressado para o porto.
Estava muito frio. Diante da vitrine de um restaurante, ele viu um menino quase maltrapilho, de bracinhos cruzados e meio trêmulo.
-Que está fazendo aí, meu pequeno? – Disse-lhe o capitão.
-Estou só olhando quanta coisa gostosa existe para se comer. Além do que, deve estar bem quentinho aí dentro.
-Tenho bem pouco tempo antes da partida do navio. Se você estivesse arrumadinho, eu o levaria a esse restaurante para que comesse algumas dessas coisas boas e saborosas. Mas, infelizmente, não está... – Falou o capitão.
O garoto, faminto e com os olhos rasos d’agua, passou a mãozinha magra sobre os cabelos em desalinho e falou:
-Estou pronto, agora!
Comovido, o capitão o levou para o restaurante, fazendo-lhe servir uma boa refeição. E, enquanto o garoto comia, perguntou-lhe:
-Diga-me uma coisa: onde está a sua mãe, meu pequeno?
-Ela foi para o céu quando eu tinha apenas quatro anos de idade.
-E você ficou só com seu pai? Onde ele está? Onde trabalha?
-Nunca mais vi meu pai, desde que minha mãe morreu.
-Mas, então, tornou a perguntar o capitão, quem toma conta de você?
Com um jeitinho resignado, o menino respondeu:
-Quando minha mãe estava doente, ela disse que Deus tomaria conta de mim. Ela ainda me ensinou a pedir isso todos os dias a Ele.
O capitão ficou cheio de compaixão e acrescentou:
-Se você estivesse limpo e arrumadinho eu o levaria para o navio e cuidaria de você com muita alegria.
O menino pôs-se de pé, rápido, alisou os cabelinhos sujos e mal cuidados e voltou a repetir a mesma expressão:
-Capitão, estou pronto, agora.
Vendo-o assim quase suplicante, aquele capitão o levou para o navio, onde o apresentou aos marinheiros e imediatos, dizendo:
-Ele será meu ajudante e será sempre chamado de “Pronto, agora”.
Ali o garoto recebeu tudo o que carecia e as coisas transcorriam, aparentemente bem, até que um dia ele amanheceu febril.
Foi medicado, mas a febre não cedia. Vendo-o piorar, o capitão aflito disse ao médico:
-Procure salvá-lo, doutor. Não quero ficar sem ele.
O médico fez tudo o que pôde, mas em vão. Na tarde seguinte, o menino, chamando o capitão, lhe falou:
-O senhor foi muito bom para mim. Eu o amo muito e gostei de estar aqui, mas agora vou ao encontro de minha mãe.
O senhor está pronto, agora, para aceitar que eu vá? Porque minha mãe está me dizendo que enquanto o senhor não estiver pronto, eu não me libertarei.
Com lágrimas nos olhos, o capitão, tomando as mãos do menino, disse:
-Filho, estou pronto, agora!
O garoto cerrou os olhos, suspirou e seu Espírito abandonou o corpo enfermiço, indo ao encontro de sua mãe.
* * *
Abre-te ao amor e ao bem, onde estejas e com quem te encontres.
Aprende a entesourar bênçãos na dificuldade, como se colhesses lírios no pântano.
Cumpre os teus compromissos, mesmo aqueles que te pareçam mais aflitivos, com a alegria de quem se liberta.
Dessa forma estarás sempre pronto para a vitória, as conquistas maiores e a felicidade que te aguarda.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo
Estou pronto, agora, publicado no Mensário Espírita
O Sol Nascente, de junho de 2001, e no cap. 14, do
livro Sob a proteção de Deus, por diversos Espíritos,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 18.4.2018.
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