Terri Sjodin |
Conta-se que uma família do Leste Europeu foi forçada a sair de sua casa, quando tropas estrangeiras invadiram a localidade onde viviam.
Para fugir aos horrores da guerra, perceberam que sua única chance seria atravessar as montanhas que circundavam a cidade.
Se conseguissem ter êxito na escalada, alcançariam o país vizinho e estariam a salvo.
A família compunha-se de umas dez pessoas, de diversas idades. Reuniram-se e planejaram os detalhes: a saída de casa e por onde tentariam a difícil travessia.
O problema era o avô. Com muitos anos aos ombros, ele não estava muito bem. A viagem seria dura.
-Deixem-me, falou ele, serei um empecilho para o êxito de vocês. Somente atrapalharei. Afinal, os soldados não irão se importar com um homem velho como eu.
Entretanto, os filhos insistiram para que ele fosse. Vencido pelas argumentações, o idoso cedeu. A família partiu em direção à cadeia de montanhas.
A caminhada era feita em silêncio. Todo esforço desnecessário deveria ser poupado.
Como entre eles havia uma menina de apenas um ano, combinaram que, a fim de que ninguém ficasse exausto, ela seria carregada por todos os componentes da família, em sistema de revezamento.
Depois de várias horas de subida difícil, o avô se sentou em uma rocha. Deixou pender a cabeça e quase em desespero, suplicou:
-Deixem-me para trás. Não vou conseguir. Continuem sozinhos.
-De forma alguma o deixaremos. Você tem de conseguir. Vai conseguir.
Falou, com entusiasmo, o filho.
-Não, insistiu o avô, deixem-me aqui.
O filho não se deu por vencido. Aproximou-se do pai e energicamente lhe disse:
-Vamos, pai. Precisamos do senhor. É a sua vez de carregar o bebê.
O homem levantou o rosto. Viu as fisionomias cansadas de todos. Olhou para o bebê enrolado em um cobertor, no colo do seu neto de treze anos.
O garoto era tão magrinho e parecia estar realizando um esforço sobre-humano para segurar o pesado fardo.
O avô se levantou.
-Claro, falou, é a minha vez. Passem-me o bebê.
Ajeitou a menina no colo. Olhou para o seu rostinho inocente e sentiu uma força renovada.
Um enorme desejo de ver sua família a salvo, numa terra neutra, em que a guerra seria somente uma memória distante, tomou conta dele.
-Vamos, disse, com determinação. Já estou bem. Só precisava descansar um pouco.
O grupo prosseguiu, com o avô carregando a netinha. Naquela noite, a família conseguiu cruzar a fronteira. Todos os que iniciaram o longo percurso pelas montanhas conseguiram terminá-lo. Inclusive o avô.
* * *
Se alguém, a seu lado, está prestes a desistir das lutas que lhe compete, ofereça-lhe um incentivo.
Recorde da importância que ele tem para a pequena ou grande comunidade em que se movimenta.
Lembre-o de que, no círculo familiar, na roda de amigos ou no trabalho voluntário, ele é alguém que faz a diferença.
Cada criatura é única e tem seu próprio valor. Uma tarefa pode ser desempenhada por qualquer pessoa, mas uma pessoa jamais substituirá a outra.
Não permita que ninguém fique à margem do caminho, somente porque não recebeu um incentivo, um estímulo, um motivo para prosseguir, até a vitória final.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
Para meu neto, de Floyd Wickman e Terri Sjodin,
do livro Histórias para aquecer o coração dos pais,
de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jeff Aubery e
Mark & Chrissy Dinnelly, ed. Sextante.
Em 29.10.2015.
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