quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

UM ESTÍMULO ESPECIAL

Terri Sjodin
Conta-se que uma família do Leste Europeu foi forçada a sair de sua casa, quando tropas estrangeiras invadiram a localidade onde viviam. Para fugir aos horrores da guerra, perceberam que sua única chance seria atravessar as montanhas que circundavam a cidade. Se conseguissem ter êxito na escalada, alcançariam o país vizinho e estariam a salvo. A família compunha-se de umas dez pessoas, de diversas idades. Reuniram-se e planejaram os detalhes: a saída de casa e por onde tentariam a difícil travessia. O problema era o avô. Com muitos anos aos ombros, ele não estava muito bem. A viagem seria dura. 
-Deixem-me, falou ele, serei um empecilho para o êxito de vocês. Somente atrapalharei. Afinal, os soldados não irão se importar com um homem velho como eu. 
Entretanto, os filhos insistiram para que ele fosse. Vencido pelas argumentações, o idoso cedeu. A família partiu em direção à cadeia de montanhas. A caminhada era feita em silêncio. Todo esforço desnecessário deveria ser poupado. Como entre eles havia uma menina de apenas um ano, combinaram que, a fim de que ninguém ficasse exausto, ela seria carregada por todos os componentes da família, em sistema de revezamento. Depois de várias horas de subida difícil, o avô se sentou em uma rocha. Deixou pender a cabeça e quase em desespero, suplicou: 
-Deixem-me para trás. Não vou conseguir. Continuem sozinhos. 
-De forma alguma o deixaremos. Você tem de conseguir. Vai conseguir. 
Falou, com entusiasmo, o filho. 
-Não, insistiu o avô, deixem-me aqui. 
O filho não se deu por vencido. Aproximou-se do pai e energicamente lhe disse: 
-Vamos, pai. Precisamos do senhor. É a sua vez de carregar o bebê. 
O homem levantou o rosto. Viu as fisionomias cansadas de todos. Olhou para o bebê enrolado em um cobertor, no colo do seu neto de treze anos. O garoto era tão magrinho e parecia estar realizando um esforço sobre-humano para segurar o pesado fardo. O avô se levantou. 
-Claro, falou, é a minha vez. Passem-me o bebê. 
Ajeitou a menina no colo. Olhou para o seu rostinho inocente e sentiu uma força renovada. Um enorme desejo de ver sua família a salvo, numa terra neutra, em que a guerra seria somente uma memória distante, tomou conta dele. 
-Vamos, disse, com determinação. Já estou bem. Só precisava descansar um pouco. 
O grupo prosseguiu, com o avô carregando a netinha. Naquela noite, a família conseguiu cruzar a fronteira. Todos os que iniciaram o longo percurso pelas montanhas conseguiram terminá-lo. Inclusive o avô. 
* * * 
Se alguém, a seu lado, está prestes a desistir das lutas que lhe compete, ofereça-lhe um incentivo. Recorde da importância que ele tem para a pequena ou grande comunidade em que se movimenta. Lembre-o de que, no círculo familiar, na roda de amigos ou no trabalho voluntário, ele é alguém que faz a diferença. Cada criatura é única e tem seu próprio valor. Uma tarefa pode ser desempenhada por qualquer pessoa, mas uma pessoa jamais substituirá a outra. Não permita que ninguém fique à margem do caminho, somente porque não recebeu um incentivo, um estímulo, um motivo para prosseguir, até a vitória final. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Para meu neto, de Floyd Wickman e Terri Sjodin, do livro Histórias para aquecer o coração dos pais, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jeff Aubery e Mark & Chrissy Dinnelly, ed. Sextante. Em 29.10.2015.

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