quarta-feira, 19 de junho de 2019

ENTRE O PASSADO E O FUTURO

A pluralidade das existências constitui um dos postulados básicos do Espiritismo. Trata-se de um enunciado segundo o qual o Espírito anima incontáveis corpos em sua jornada rumo à Angelitude. Essas existências físicas se entrelaçam e sucedem conforme o comportamento do Espírito. Elas podem ser em número menor, desde que bem aproveitadas. Já o Espírito rebelde necessita repetir várias vezes as mesmas experiências, até fazer bem a lição. Como as encarnações não são desconectadas umas das outras, sempre sobra algo do ontem no hoje. É comum as pessoas se indagarem a respeito do que foram. Como a justiça vigora no Universo, cada qual se constrói a si próprio feliz ou desgraçado. Com base nesse raciocínio, muitas vezes se afirma, a respeito de pessoas enfermas ou portadoras de graves problemas, que muito erraram. Ocorre que a realidade não é tão simples. A Espiritualidade Superior ensina que a Terra é um mundo de provas e expiações. Ela funciona na qualidade de reformatório e de escola, na qual se aprimoram seres ainda carentes de sublimação. Expiações constituem experiências dolorosas, frutos de erros do passado. Elas se destinam a desgostar o Espírito do vício que o acomete, a fim de que o abandone. Já as provas são para aferir os valores amealhados pelo ser, sua força e firmeza no bem. O Espírito teoriza sobre determinada virtude, compreende-a e finalmente se decide a vivê-la, por entre as dificuldades e tentações inerentes à vida terrena. Pode ou não se sagrar vencedor, conforme seja mais ou menos decidido pela vivência do bem. Caso venha a falhar, necessitará dar conta dos erros cometidos e repetir a experiência. Se vencer, novas e ricas oportunidades se abrirão em sua caminhada rumo à plenitude. Bem se vê que os dramas e os suores da vida não se relacionam sempre com o ontem. Podem ser resultado de equívocos, a reclamar corrigenda. Mas frequentemente são uma aposta no futuro, um teste de admissão para experiências compensadoras. É leviano afirmar que alguém sofre bastante porque muito errou. Talvez seja antes um idealista que luta para desenvolver em si as asas dos anjos. A rigor, o passado se revela mais pelas tendências instintivas. Aquele que quer se conhecer, precisa prestar atenção em seus desejos e sonhos. Quem se deleita com histórias picantes e racistas, gasta tempo com coisas vulgares, quer sempre levar vantagem, podendo se concluir que seu passado não é digno. Mas, entre provas e expiações, não é relevante saber a origem da experiência difícil. Qualquer que seja o contexto, importa fazer bem a lição, a fim de se libertar dela. Ser corajoso, digno, puro e generoso em face dos embates é a receita da felicidade futura. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no item 399 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. Disponível no cd Momento Espírita, v. 20, ed. Fep. 
Em 20.10.2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário