sexta-feira, 27 de julho de 2018

A DOENÇA DO MAU HUMOR

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Ele era um servidor de Jesus um tanto imperfeito. Vivia de mau humor. Reclamava de tudo e de todos. Com tal comportamento, natural que as antipatias se multiplicassem ao seu redor. Por fim, era detestado pelos que lhe compartilhavam a vida, a tal ponto que alguns resolveram compor uma comissão e comparecer ante o superior da nobre instituição, pedindo providências. O superior era o papa, um homem devotado ao bem, portador de peregrinas virtudes. Recebeu a comissão em audiência particular e lhe ouviu as reivindicações que incluíam um pedido de transferência para o colega sacerdote tão complicado. Ninguém o desejava na equipe de trabalho, pois todos se sentiam mal com suas constantes reclamações. Que ele fosse enviado a um local distante, para uma tarefa isolada. Afinal, diziam os integrantes da comissão, embora não o quisessem ao seu lado, também a ninguém desejavam tal castigo. De forma surpreendente, quando concluíram o relato, o papa lhes assegurou que iria resolver a questão. Solicitou que o sacerdote fosse encaminhado aos seus próprios serviços. Ele o tomaria para seu secretário particular. Quando lhe chegou o novo secretário, encarregou-o de uma tarefa especial. Todos os dias, às sete horas da manhã, ele deveria despertá-lo e informar: 
- Santidade, são sete horas. O dia está lindo e o café está servido. 
Na manhã seguinte, pontualmente, pois ele era fiel cumpridor dos seus deveres, compareceu à frente do papa e informou, conforme lhe fora ordenado: 
- Santidade, são sete horas. O dia está lindo e o café está servido. 
- Eu sei, meu filho. Respondeu o papa, com bondade. Os anjinhos me contaram. 
E assim foi no segundo dia, no terceiro e em todos os seguintes. Ao final de algumas semanas, o mal humorado servidor já se cansara de ouvir a mesma resposta do papa. Mas, fiel ao seu dever, chegou pela manhã e disse:  
- Santidade, são sete horas. O dia está lindo e o café está servido. 
A resposta foi a mesma. 
-Eu sei, meu filho. Os anjinhos me contaram. 
Então, com todo o mau humor represado há dias, explodiu o secretário:
- Que anjos mentirosos! Saiba Sua Santidade que são nove horas, está chovendo torrencialmente e eu não preparei o café. 
 * * * 
Isso se chama distimia, a doença do mau humor. Difícil de ser debelada, mesmo ao contato de pessoas pacientes e otimistas, que tudo fazem para mostrar a esse enfermo que nunca tudo é ruim. Se nos descobrirmos nesse quadro, busquemos ajuda profissional e repensemos nossas atitudes. Ajustemos as lentes da alma e descubramos quão extraordinário é o mundo em que nos movemos, pleno de cor, magia, encanto. E vejamos que mesmo a lava destruidora do vulcão em erupção, enquanto engole, em sua passagem, o que encontra, ilumina em cores a paisagem. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base na faixa O padre rebelde do Vaticano, do CD O perdão e o auto-perdão, v. 1, de Divaldo Pereira Franco, ed. Centro Espírita Caminho da Redenção. Em 20.10.2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário